Colunista da Folha responde a três perguntas sobre o conflito na faixa de Gaza

Protestos nos últimos dias acabaram com 60 mortos e 2.700 feridos

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São Paulo

Os protestos de palestinos na faixa de Gaza contra a transferência da Embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, na segunda-feira, culminaram três semanas de manifestações na fronteira do território com Israel.

Na terça, protestos menos violentos marcaram a Nabka -- nome que os palestinos dão à "catástrofe" da criação do Estado de Israel, há 70 anos.

A reação do Exército israelense contra os manifestantes acabou fazendo 60 mortos e mais de 2.700 feridos, todos do lado palestino. 

O colunista Clóvis Rossi responde a três perguntas sobre as raízes desse conflito.



1. Por que a área é tão conflituosa?

Por dois motivos principais: porque é controlada pelo Hamas, grupo considerado terrorista por EUA, União Europeia e Israel. Ele prega a destruição de Israel, ao contrário do grupo palestino que controla parte da Cisjordânia e que reconhece israel. É claro que, tendo um vizinho que pretende eliminá-lo, o Estado de Israel viva em permanente conflito com o Hamas e, por extensão, com Gaza.

Segundo motivo: as condições de vida na faixa de Gaza são horríveis. Superpovoada (1,8 milhão de habitantes em 365 quilômetros quadrados, área menor do que a de Jundiaí (em SP), que tem apenas 409 mil habitantes); desemprego elevadíssimo (mais de 40% da população); uma expressiva maioria (80%) dependendo de ajuda alimentar externa para sobreviver. É um barril de pólvora, sempre prestes a explodir.

2. O que motiva as manifestações?

As manifestações foram batizadas como “Marchas pelo Grande retorno". É uma alusão ao fato de que 70% dos habitantes de Gaza são refugiados ou seus descendentes. Ou seja, são pessoas que tiveram de deixar suas casas na Palestina quando Israel venceu a guerra iniciada pelos países árabes contra a criação do estado judeu em 1948.

Os palestinos chamam esse êxodo de Nakba (catástrofe em árabe), episódio que está completando 70 anos neste mês de maio, o que foi estopim para as marchas. Mas elas ganharam combustível com a inauguração oficial, na segunda (14), da Embaixada dos EUA em Jerusalém.

Os palestinos —e boa parte da comunidade internacional, Brasil inclusive— não a reconhecem como capital única de Israel. Palestinos querem estabelecer a capital de seu eventual futuro Estado na parte oriental da cidade.

3. A curto e médio prazo, quais as perspectivas?

A curto prazo, a previsão do Crisis Group, que estuda conflitos, é de “mais dias mortais”, conforme divulgou nesta terça (15). A médio prazo, a perspectiva é também de mais conflitos porque nem Hamas nem Israel demonstram intenção de negociar, única saída para estabilizar a região. Uma solução efetiva dependeria de um processo de paz para toda a área. 

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