Coreia do Norte anuncia cerimônia para fechar campo de testes nucleares

Evento ocorrerá nos dias 23 e 25 de maio em local que, segundo estudo, já estaria inviabilizado

São Paulo | AFP

A Coreia do Norte anunciou que irá desmantelar as instalações em que realizou seus seis testes nucleares em uma cerimônia nos dias 23 e 25 de maio.

O fechamento do campo de provas de Punggye-ri foi uma das promessas feitas pelo ditador Kim Jong-un em sua negociação para tentar normalizar as relações com a Coreia do Sul e com os Estados Unidos.

Segundo a agência estatal de notícias do país comunista, jornalistas estrangeiros e observadores serão convidados para o evento. Na sexta (11), já havia imagens de satélite disponíveis indicando a derrubada de edifícios do complexo —as explosões nucleares em si ocorreram em uma série de túneis sob uma montanha.

O local, contudo, pode já estar condenado para uso. Segundo um estudo chinês publicado no mês passado, há indicações geológicas que a mais recente explosão, a mais poderosa e supostamente de uma bomba de hidrogênio, inviabilizou a continuação das operações por risco de vazamento radioativo.

Se isso for verdade, Kim aproveitou o problema para vender boa vontade aos vizinhos do Sul e aos EUA. O ditador já se encontrou no mês passado com o presidente sul-coreano, Moon Jae-rin, e irá fazer uma inédita reunião com o americano Donald Trump no dia 12 de junho em Cingapura.

O presidente tuitou sobre o assunto, agradecendo a Coreia do Norte e afirmando que o fechamento do campo de provas era um "gesto inteligente e gentil" por parte da ditadura.

Aos sul-coreanos, disse estar disposto a abrir mão de seu arsenal nuclear, estimado em algumas dezenas de ogivas, em troca de um compromisso formal dos EUA de que nunca invadirão o Norte.

As Coreias se dividiram após uma guerra em que os comunistas do norte, apoiados pela China, enfrentaram o sul, aliado dos Estados Unidos. Após três anos, o conflito foi congelado em um cessar-fogo, em 1953. A expectativa é de que um acordo de paz permanente surja da nova rodada diplomática, embora isso já tenha quase acontecido no passado.

As conversas ocorreram após um ano em que a tensão na península quase levou a uma guerra. Kim acelerou seu programa de mísseis e armas nucleares e se disse pronto para atacar os EUA, que por sua vez aumentaram a pressão coordenando movimentos militares perto da região.

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