Coreia do Sul tenta retomar negociações, mas Pyongyang resiste

Coreia do Norte chamou Seul de 'incompetente'; cúpula com os EUA está em dúvida

Seul | Associated Press e Reuters

O principal negociador da Coreia do Norte chamou nesta quinta-feira (17) o governo sul-coreano de "ignorante e incompetente", no mesmo dia em que Seul anunciou que vai fazer uma série de esforços diplomáticos para tentar salvar as negociações com Pyongyang.

Após se reunir na capital sul-coreana, o Conselho Nacional de Segurança do país anunciou que vai tentar mediar conversas entre o governo norte-coreano e os Estados Unidos usando diversos canais de comunicação.

A medida é uma tentativa de garantir a manutenção do encontro entre o ditador Kim Jong-un e o presidente Donald Trump, marcado para 12 de junho em Singapura, disse Chung Eui-yong, que comanda o conselho e é o principal assessor do presidente Moon Jae-in para assuntos de segurança.     

Ele também pediu que Pyongyang mantenha o compromisso de buscar a completa desnuclearização da península coreana, feito durante a cúpula entre Moon e Kim, em abril. 

As declarações de Seul, porém, contrastaram com as afirmações dadas também nesta quinta por Ri Son-gwon, presidente do Comitê para Reunificação Pacífica norte-coreano.

Ele criticou o Sul por participar dos exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos, bem como por permitir que "escória humana" falasse em sua Assembleia Nacional, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA —aparentemente referindo-se a um ex-embaixador norte-coreano, que desertou em 2016 e deu entrevista coletiva na assembleia nesta semana.

"A menos que a grave situação que levou à suspensão das negociações de alto nível entre norte e sul seja resolvida, nunca será fácil sentar-se frente a frente novamente com o atual regime da Coreia do Sul", disse o comunicado, sem dar detalhes.

Foram as mais recentes declarações em uma série de frases inflamadas marcando uma mudança de tom após meses de alívio das tensões, com planos de desnuclearização e uma cúpula marcada com os Estados Unidos.

A Coreia do Norte disse na quarta-feira que pode não participar da cúpula que estava prevista entre Kim e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se Washington continuar exigindo que Pyongyang abandone unilateralmente seu arsenal nuclear.

Nesta quinta-feira (17), o jornal japonês Asahi Shimbun relatou que os Estados Unidos exigiram que o governo norte-coreanos envie algumas ogivas nucleares, um míssil balístico intercontinental e outros materiais nucleares ao exterior no prazo de seis meses.

Segundo o jornal, que citou fontes familiarizadas com questões norte-coreanas, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, teria dito ao líder norte-coreano quando eles se encontraram neste mês que a Coreia do Norte poderia ser removida de uma lista de Estados patrocinadores do terrorismo se enviasse os itens nucleares para fora do país.

O Asahi Shimbun também informou que, se Pyongyang concordar em completar uma desnuclearização verificável e irreversível na cúpula com os EUA em Cingapura, Washington consideraria dar garantias ao regime de Kim.

Uma autoridade da presidência sul-coreana afirmou que o país pretende desempenhar mais ativamente "o papel de mediador" entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, mas esse objetivo foi posto em dúvida pelos comentários de Ri.

"Nessa oportunidade, as atuais autoridades sul-coreanas têm provado claramente que são um grupo ignorante e incompetente, desprovido do senso elementar da situação atual", disse Ri em comunicado divulgado pela KCNA.

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