O ministro de Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse nesta quinta-feira (3) que os Estados Unidos violaram o acordo nuclear com o país ao pressionarem outras nações a não fazerem negócios com Teerã.
Em vídeo divulgado na internet, o chanceler afirma que seu país é alvo de bullying dos americanos.
Segundo ele, Washington tem "constantemente violado o acordo nuclear, particularmente ao fazer bullying contra outros [países] para que as empresas não retornem ao Irã".
O tratado, assinado em 2015, teve como objetivo interromper o programa nuclear iraniano. Em troca, o país recebeu um alívio das sanções econômicas.
Além dos EUA e do Irã, também assinaram o acordo a Alemanha, a França, o Reino Unido, a China, a Rússia e a União Europeia. Zarif não esclareceu quais países teriam sofrido a pressão de Washington para não negociar com Teerã.
O ministro também afirmou que seu país não aceita renegociar o tratado ou modificá-lo. "O Irã não aceita renegociar o que foi acordado há alguns anos. Nos também rejeitamos qualquer retificação dele", afirmou.
O presidente americano, Donald Trump, já criticou o acordo por diversas vezes. Ele deu um prazo até o próximo dia 12 para que os outros signatários resolvam os problemas que ele apontou no acordo.
Caso isso não aconteça, ele ameaça retirar os Estados Unidos do pacto.
O vídeo de Zarif também parece uma resposta ao primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, que disse na segunda (30) ter obtido provas de que o Irã mentiu sobre seu programa nuclear.
O premiê disse ter tido acesso a documentos secretos iranianos que, segundo ele, provam que Teerã continuou a expandir o programa após a assinatura do acordo, o que o governo iraniano negou.
ONU
Também nesta quinta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a manutenção do atual acordo até que exista uma opção melhor.
Segundo ele, cancelar o pacto na situação atual pode trazer mais instabilidade para o Oriente Médio.
"Se um dia tivermos um tratado melhor, mas não devemos descartá-lo a não ser que tenhamos uma alternativa melhor", disse ele em entrevista a BBC Radio 4.
"Acredito que o JCPOA (sigla oficial do acordo) foi uma vitória diplomática importante e creio que é importante preservá-lo. Mas também acredito que existam áreas nas quais seria bom ter um diálogo proveitoso, porque vejo a região em uma situação perigosa", afirmou ele.
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