Descrição de chapéu oea estupro

Juiz de corte de direitos humanos é acusado de agressão pela ex-mulher

Caso foi revelado pela revista Veja; defesa de Roberto Caldas nega acusações

O juiz brasileiro Roberto Caldas, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, é acusado de violência doméstica pela mulher e assédio sexual por ex-funcionárias
O juiz brasileiro Roberto Caldas, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, é acusado de violência doméstica pela mulher e assédio sexual por ex-funcionárias - 22.set.17/CorteIDH/Divulgação
Brasília

Juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Roberto Caldas é acusado pela ex-mulher, Michella Pereira, por injúria, agressão, espancamento e ameaça de morte. Por meio da defesa, ele nega agressões e diz que não pode se pronunciar sobre o processo, que corre em sigilo.

A revista Veja revelou nesta sexta-feira (11) as acusações da ex-mulher, que conta ter sido agredida, e de duas mulheres que foram funcionárias da família, que relatam ter sofrido assédio sexual e ameaças de demissão. 

Michella diz que Caldas a agrediu de forma brutal pelo menos quatro vezes e que era comum xingá-la de "cachorra", "safada" e "vagabunda". A reportagem mostra imagens de Michella com hematomas e áudios que ela gravou. 

Em 2012, Caldas foi eleito para compor a corte sediada em San José, na Costa Rica, que chegou a presidir entre 2016 e 2017. O advogado também integrou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República de 2006 a 2012. 

A Convenção Americana sobre Direitos Humanos determina que os juízes escolhidos para compor a corte devem ser "eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais".

O advogado do juiz, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que a defesa não pode se pronunciar sobre o processo que corre em sigilo. 

Ele afirma, porém, que Caldas nega que tenha havido agressões físicas e diz que as agressões verbais eram parte da "tônica dessa relação durante anos". 

"Evidentemente que nada justifica as agressões verbais que foram a tônica dessa relação durante todos esses anos", afirmou o advogado, que acusa Michella de ter "interesses inconfessáveis" para gravar o marido.

"Só para notar a fragilidade da relação, ele foi gravado durante seis anos, segundo ela, o que já demonstra um relacionamento fora da normalidade. Que esposa grava o marido durante seis anos a não ser com interesses inconfessáveis?", disse.

Nesta quinta-feira (10), antes da publicação da reportagem, o juiz havia divulgado nota pública, por meio da defesa, em que afirma estar sofrendo chantagem da ex-mulher para aceitar "acordo financeiro absolutamente escorchante".

"Venho espontaneamente fazer esse pronunciamento, na medida em que passei a sofrer ameaças de publicização de desavenças conjugais, com o objetivo de me constranger a aceitar um acordo financeiro absolutamente escorchante. Lamento que em breve possa haver a exposição pública de tais circunstâncias, sob uma ótica deformada e parcial", diz o texto.

Em entrevista à Folha, em outubro, Caldas falou sobre a importância dos direitos humanos e disse que há um retrocesso em temas de minorias.

"Pautas que são contra-hegemônicas estão retrocedendo: a violência contra a mulher, indígenas e população LGBTI, a não demarcação de terras. Isso é muito sério para um país com a dimensão do Brasil, que influencia a América Latina. Creio que passamos por um dos momentos mais graves, em termos de direitos humanos. Felizmente não é por armas", disse.

Caldas também afirmou que "os costumes nem sempre são sadios", ao comentar sobre a opinião pública em relação a prisões da Lava Jato.

"Há os [costumes] que são criminosos: a cultura do estupro, a cultura do preconceito racial, do preconceito em relação a opções sexuais, a intolerância religiosa. Costumes precisam ser enfrentados com educação."

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