Depois de a fabricante de cereal Kellogg’s anunciar que vai deixar a Venezuela, o ditador Nicolás Maduro afirmou que vai passar o comando da companhia para seus trabalhadores.
“Decidi entregar a empresa para os funcionários para que eles possam continuar produzindo para o povo”, afirmou Maduro, que acrescentou que o governo vai processar os dirigentes da companhia americana porque a saída deles do país é inconstitucional.
Segundo a Kellogg’s, a decisão de abandonar a Venezuela foi provocada pela deterioração social e econômica vivida pela quinta maior economia sul-americana.
A fabricante não deu detalhes sobre as dificuldades específicas vividas no país, mas muitas empresas têm sofrido dificuldades para adquirir matérias-primas e com os controles cambiais adotados pelo governo Maduro que dificultam a importação.
A administração venezuelana também tem dificultado o aumento de preços pelas empresas, como uma forma de conter a inflação, que neste ano deve beirar os 14.000%, de acordo com o FMI.
Uma das consequências dessa estratégia é que o lucro dessas companhias é fortemente afetado e muitas operações ficam simplesmente insustentáveis.
O resultado é que, nos últimos anos, várias multinacionais abandonaram seus ativos na Venezuela ou os venderam por preços muito baixos: Bridgestone, Kimberly-Clark, General Mills e General Motors são apenas alguns exemplos.
A Kellogg’s não comentou a decisão de sua fábrica ser entregue aos funcionários, mas, ao anunciar sua saída do país, ela disse que pretende voltar a operar na Venezuela no futuro e fez um alerta para quem vender seus produtos e marcas sem a devida autorização.
O fim das operações da Kellogg’s não deve piorar de modo expressivo os problemas de abastecimento na Venezuela, mas é mais um golpe para os moradores do país, já que ela é dona do cereal mais popular no mercado local.
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