Para o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Dori Goren, os 58 palestinos mortes e os 2.700 feridos durante os protestos nesta segunda-feira (14) são frutos de uma política cínica do Hamas, grupo islâmico considerado terrorista por Tel Aviv e Washington e que controla a região desde 2007.
O diplomata considera que a única reação que o Hamas deseja com as manifestações iniciadas em 30 de março é obter o número máximo de mortes, para conquistar a simpatia dos meios de comunicação internacionais. Para isso, de acordo com ele, mulheres e crianças são convocadas para a linha de frente dos protestos.
Desde 2014, não havia um dia com tantos mortos em confrontos entre Israel e palestinos, de acordo com a agência de notícias Associated Press. Já são mais de 90 mortos e 10 mil feridos desde o início da onda de protestos, no fim de março.
Segundo Goren, o fato de as manifestações dos palestinos já durarem sete semanas é um sinal de que as forças israelenses estão fazendo todo o possível para que o número de baixas seja mínimo.
Ele afirmou que, em um cenário parecido no Iraque e na Síria, as ações seriam muito mais violentas, com milhares de mortes em poucas horas.
O cônsul disse lamentar as mortes dos palestinos que criticavam a mudança da embaixada americana para Jerusalém e adotou o mesmo discurso do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, sobre a necessidade do país ter de defender sua soberania, quando milhares de pessoas ingressar no território de Israel.
Chamados de “a grande marcha de retorno”, os atos têm como principal alvo o aniversário de 70 anos da fundação de Israel, que ocorre nesta segunda (14) de acordo com o calendário gregoriano (a comemoração ocorreu em abril no calendário judaico). A data será comemorada em Jerusalém exatamente com a transferência da embaixada americana para a cidade.
O protesto dessa segunda reuniu cerca de 40 mil pessoas em 12 pontos diferentes ao logo da fronteira, de acordo com o governo israelense.
Os palestinos planejam o maior de seus protestos para esta terça (15), quando relembram a “Nakba” (tragédia), como chamam a criação de Israel, quando cerca de 700 mil deles fugiram ou foram expulsos da região.
Outro alvo dos protestos é o bloqueio feito por Israel e Egito contra a faixa de Gaza. Ele foi imposto em uma tentativa de minar o poder do Hamas.
Na prática, porém, a facção conseguiu manter o controle sobre a faixa de Gaza, embora o bloqueio tenha piorado a condição de vida dos cerca de 2 milhões de moradores do local.
Sobre o impacto que as dezenas de mortes podem ter nas negociações de paz com os palestinos, o cônsul-geral de São Paulo disse que Israel está sempre de braços abertos para encontrar uma solução pacífica, mas que “infelizmente não temos com quem falar”.
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