A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta sexta-feira (11) que o risco de propagação do vírus do ebola na República Democrática do Congo é elevado e que se prepara para "o pior cenário possível".
"Estamos muito preocupados e nos preparamos para todos os cenários, incluindo o pior possível", declarou o diretor do programa de resposta de emergências da OMS, Peter Salama, em uma entrevista coletiva em Genebra.
A OMS registrou 32 casos confirmados ou suspeitos de ebola, incluindo 18 mortes, no país entre 4 de abril e 9 de maio, todos na região de Bikoro, ao nordeste da capital Kinshasa, próxima da fronteira com o vizinho República do Congo.
"Por que estamos preocupados? É uma doença letal, com uma taxa de mortalidade de 20% a 90%. Também sabemos que há vários elementos preocupantes que poderiam amplificar a epidemia", explicou Salama.
Segundo ele, um dos maiores problemas é que já foram detectados casos em três pontos distintos, embora todos dentro da mesma zona rural. Além disso, três casos afetaram funcionários da área de saúde, o que, para Salama, pode ser um "amplificador" da epidemia.
Além disso, os médicos e voluntários encontram dificuldades para chegar até a região onde acontece o surto. "A situação é absolutamente desastrosa no que diz respeito às infraestruturas. Há poucas estradas asfaltadas, poucas infraestruturas elétricas, pouca água e infraestruturas sanitárias", disse Salama.
No fim de semana, com a ajuda de helicópteros, a OMS pretende enviar material sanitário para Bikoro. A OMS também espera a autorização do governo local para começar a distribuir uma vacina experimental contra o ebola.
Embora a doença pareça no momento limitada geograficamente, existe "um risco elevado em nível nacional", afirma um boletim da organização, que enviou epidemiologistas para a região. Por isso, oito países vizinhos ao país permanecem em estado de alerta, segundo a OMS.
Epidemia
O ebola foi registrado pela primeira vez na própria República Democrática do Congo —que na época se chamava Zaire— em 1976. O país teve um pequeno surto do doença no ano passado, quando quatros pessoas morreram.
Conhecida pela febre hemorrágica, que causa sangramentos, a doença é transmitida por um vírus transmitido pelo contato físico com líquidos corporais infectados ou pelo consumo de carne de animais silvestres.
A maior epidemia de ebola da história aconteceu no oeste da África entre 2013 e 2016, com 11.300 mortos de um total de 29 mil casos, a maioria na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa. Na época, a OMS foi criticada por ter demorado a declarar estado de emergência para a saúde pública.
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