Ao menos três pacientes infectados com o vírus ebola escaparam da ala de isolamento de um hospital na cidade de Mbandaka, na República Democrática do Congo, enquanto médicos e autoridades trabalham para impedir que a epidemia se espalhe na região. 

Dois dos pacientes deixaram o hospital na segunda (21) e só foram localizados no dia seguinte, disse Henry Gray, diretor da ONG Médicos Sem Fronteiras na cidade.

Um deles foi encontrado morto e o segundo foi achado com vida, mas morreu após ser levado de volta ao hospital, disse a jornalistas Yokouide Allarangar, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) na capital Kinshasa.  

Segundo ele, os pacientes receberam ajuda de familiares para escapar do hospital e irem para "um lugar de preces" —ele não especificou exatamente para onde. Dois policiais teriam ajudado na captura da dupla, segundo a agência de notícias Reuters. 

O terceiro paciente teria escapado no sábado (19), mas já foi encontrado e levado de volta ao hospital, onde está em observação. 

"É lamentável, mas não inesperado. É normal que as pessoas queiram que seus familiares amados estejam em casa durante o que pode ser seus últimos momentos de vida", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

Ele afirmou ainda que os agentes de saúde estão buscando todas as pessoas que podem ter entrado em contato com os pacientes que escaparam.

Até o momento, já existe uma lista com 628 pessoas que podem ter entrado em contato com pacientes infectados por ebola no país e que, por isso, deverão tomar a vacina contra o vírus. O temor é que esse grupo aumente devido aos três nomes que fugiram.  

Assim, a escapada do grupo representa um novo entrave para os esforços de contenção do vírus. O diretor para respostas emergenciais da OMS, Peter Salama, disse na ONU que o combate a atual epidemia de ebola na República Democrática do Congo está em seu momento mais delicado.

"As próximas semanas vão realmente dizer se essa epidemia vai se expandir para áreas urbanas ou se vamos conseguir mantê-la sob controle. Estamos no fio da navalha da resposta epidemiológica", disse ele.

O maior temor dos médicos é que o vírus chegue a capital Kinshasa, cidade com mais de 11 milhões de habitantes —um pouco menor que a região metropolitana do Rio de Janeiro.