Partidos anti-UE negociam formação de novo governo na Itália

O presidente Sergio Mattarella deu mais tempo para que a Liga e o 5 Estrelas entrem em acordo

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Roma | AFP, Reuters e Associated Press

O partido de direita nacionalista Liga e o Movimento 5 Estrelas, crítico ao sistema político, iniciaram negociações para formar um governo na Itália, em uma nova tentativa de por fim ao vácuo de liderança que o país vive desde as eleições de 4 de março.

Os líderes das duas siglas, Luigi Di Maio (5 Estrelas) e Matteo Salvini (Liga), se reuniram na manhã desta quinta (10) em Roma. Logo depois, divulgaram um comunicado conjunto no qual afirmam que as conversas tiveram um "avanço significativo". 

Elas iniciaram na quarta (9) o diálogo, na véspera do prazo dado pelo presidente Sergio Mattarella para que os partidos conseguissem definissem um novo primeiro-ministro. Caso isso não acontecesse, ele ameaçava indicar um nome técnico para comandar o país ou convocar novas eleições

Com o avanço das conversas entre os dois, Mattarella disse que está disposto a ampliar o prazo, dando mais alguns dias para a negociação. A tendência é que elas continuem na sexta (11) e avancem pelo fim de semana. 

Não está claro ainda como seria a divisão dos cargos e quem seria o premiê. 

"Vamos nos sentar à mesa e começar a falar sobre as questões do país. Depois vamos discutir nomes. O importante é o contrato de governo", disse Di Maio, 31, na quarta.

"Temos que trabalhar no programa, nos prazos, na equipe e nas coisas que precisam ser feitas", afirmou Salvini, 45. Mas "ou concluímos rapidamente ou votamos novamente", insistiu ele, abrindo a possibilidade de uma nova eleição. 

O avanço das negociações foi possível após o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi abrir mão de participar do novo governo. 

Seu partido, o Força Itália, formou uma coalizão de centro-direita com a Liga e outras siglas menores que terminou em primeiro lugar, com 37% dos votos —sendo que a Liga foi a mais votada dentro da aliança, com 17,4% dos votos gerais. 

Com 32,6% de apoio, porém, o 5 Estrelas foi individualmente o partido mais votado. Mas, como nenhum deles obteve maioria para governar sozinho, as siglas foram obrigadas a negociar.

Di Maio, do 5 Estrelas, disse desde o início que poderia negociar com a Liga, mas que não aceitaria a participação de Berlusconi ou de seus aliados no governo, na prática exigindo o fim da coalizão de centro-direita, o que Salvini disse que não aconteceria.  

Na quarta, porém, Berlusconi anunciou que não iria vetar um governo entre a Liga e o 5 Estrelas, desde que eles aplicassem parte das propostas do Força Itália, permitindo assim que a negociação avançasse. 

Juntos, 5 Estrelas e Liga têm maioria tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. 

Os dois partidos são contra as medidas de austeridade da União Europeia e críticos ao Euro, embora recentemente tenham diminuído o tom das reclamações e indicado que manteriam o país no bloco.  

Enquanto as conversas continuam, Paolo Gentiloni, do Partido Democrático (de centro-esquerda) segue no cargo de premiê. 

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