Descrição de chapéu ira-pais Donald Trump

Trump terá 'arrependimento histórico' se abandonar acordo nuclear, diz Irã

Hassan Rouhani, líder iraniano, diz ter preparado ações em resposta a eventual saída dos EUA

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, faz discurso na cidade de Sabzevar - Presidência do Irã/AFP
Teerã e Dubai | Reuters e Associated Press

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, fez um alerta neste domingo (6) aos EUA de que cometerão um erro que acarretará um “arrependimento histórico” caso abandonem o acordo nuclear iraniano, como o presidente Donald Trump vem ameaçando fazer. 

“Se [os EUA] optarem por sair do acordo nuclear, eles logo perceberão que essa decisão será um arrependimento histórico para eles”, afirmou Rouhani durante discurso na cidade de Sabzevar. 

Rouhani tentou assegurar a população de seu país “que nada mudará nas nossas vidas na semana que vem”, independentemente do que Trump decidir.

O iraniano fazia referência ao prazo delimitado pelo presidente dos EUA, de 12 de maio, para uma decisão sobre o acordo nuclear de 2015, que ele vem criticando  há meses, chamando-o de “insano”. Trump havia dito que, se as “falhas desastrosas” do acordo não fossem retificadas até essa data, ele voltaria a impor sanções contra o Irã. 

Rouhani disse ainda que tem planos caso isso aconteça. “Temos planos para resistir quaisquer decisões de Trump sobre o acordo nuclear”, disse no discurso transmitido pela TV estatal. “Ordens foram emitidas para nossa organização de energia atômica e para o setor econômico para confrontar as tramas dos EUA contra nosso país.” 

O chamado Plano de Ação Conjunto Global foi acordado entre Irã, EUA, Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha em 2015 com o objetivo interromper o programa nuclear do Irã, que recebeu em troca um alívio das sanções econômicas impostas a ele pela comunidade internacional.

O Reino Unido, a França e a Alemanha continuam comprometidos com o acordo, mas, em um esforço para manter Washington nele, querem abrir conversas sobre o programa de mísseis balísticos o Irã, suas atividades nucleares após 2025 (quando a maior parte do acordo expira) e suas ações militares na Síria e no Iêmen. 

Não vamos negociar com ninguém sobre nossas armas e defesas. Vamos construir e guardar quantas armas, instalações e mísseis forem necessários”, disse Rouhani. “Vocês [EUA] deveriam saber que não podem ameaçar essa grande nação porque nosso povo aguentou oito anos de guerra com o Iraque”, disse.

“Queremos preservar nossa tecnologia pacífica nuclear para eletricidade, medicina, agricultura e saúde e não queremos ameaçar o mundo ou a região”, acrescentou. 

Em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel, o presidente francês, Emmanuel Macron, alertou Trump de que a decisão de sair do acordo poderia levar a uma guerra.

“Poderia abrir a caixa de Pandora. Poderia haver uma guerra”, disse Macron, acrescentando: “Não acredito que Trump queira guerra”.

O ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, viajou para Washington para uma série de encontros com assessores de Trump, numa tentativa de salvar o acordo. 

Neste domingo, o jornal britânico Observer, do Guardian Media Group, publicou que assessores de Trump contrataram uma agência de inteligência israelense para orquestrar uma campanha contra membros do governo Barack Obama que participaram da negociação do acordo iraniano. 

O plano é parte de uma tentativa de sabotar o acordo nuclear, afirma a publicação. De acordo com documentos vistos pelo Observer, a agência de espionagem investigou a vida pessoal e política de Colin Kahl, assistente de Obama, e Ben Rhodes, um dos principais conselheiros sobre segurança nacional do ex-presidente.

Ainda segundo o jornal, os investigadores particulares também contataram jornalistas pró-acordo —do jornal The New York Times, da revista The Atlantic, do israelense Haaretz e do site Vox— que tiveram contato com Rhodes e Kahl, para procurar indícios que mostrassem quebra de protocolo ou compartilhamento de informações indevidas. 

Não se sabe se se trata de uma ação individual ou de uma colaboração em maior escala entre os governos americano e israelense.  

Na última semana de abril, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, fez uma apresentação para mostrar supostos documentos que comprovam que o Irã não cumpriu sua parte do acordo e continuou expandindo a atividade nuclear.

Enquanto Trump elogiou Netanyahu, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, disse que as informações não comprovam uma quebra do acordo.

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