Uribe vota em meio a acusações de envolvimento com narcotráfico

Reportagem do New York Times que o acusa de ter tido relações com o narcotráfico nos anos 1990

O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, fala com jornalista após votar, durante a eleição presidencial, em Bogotá - Carlos Garcia/Reuters
SYLVIA COLOMBO
Bogotá

O ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), padrinho político do favorito nas eleições da Colômbia, o ex-senador Iván Duque, votou na manhã deste domingo (27).

Além de elogiar “a juventude, a lucidez intelectual e a preparação” de seu delfim, voltou a defender-se das acusações recém-surgidas em reportagem publicada pelo jornal The New York Times que o acusa de haver mantido relações com o narcotráfico nos anos 1990.

Segundo a documentação apresentada pelo jornal norte-americano, correspondência diplomática recentemente desclassificada pelo Departamento de Estado dos EUA revelaria que, entre 1988 e 1995, Uribe teria tido contatos com Pablo Escobar (1949-1993) e outros líderes do cartel de Medellín e que esta organização criminosa teria financiado suas campanhas ao Senado.

Após ter sido prefeito de Medellín, sua cidade natal, nos anos 1980, Uribe ocupou o cargo de senador por dois mandatos (1986-1990) e (1990-1994).

O dinheiro recebido pelo cartel, segundo a publicação norte-americana, teria servido a sua segunda campanha ao Senado. Uribe respondeu que “nunca recebeu dinheiro ilícito em suas campanhas” e pediu que estes documentos fossem entregues a seus advogados. Nas redes sociais, difundiu também um vídeo em que explica nunca ter tido contato com Escobar.

Se a acusação se confirmar, será mais uma que Uribe acumula. Na Justiça colombiana, estão parados processos contra ele referentes ao apoio oficial, quando era presidente, às milícias paramilitares que combateram as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e com relação aos “falsos positivos” —civis assassinados por paramilitares e apresentados como membros de guerrilhas, apenas para cumprir metas que eram pré-estabelecidas pelo comando dessas milícias— que respondiam a Uribe.

Por ora, porém, Uribe não pode ser julgado por nenhum desses casos, por ter foro privilegiado de Senador, renovado na última eleição legislativa, em que foi o parlamentar que mais recebeu votos na Colômbia.

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