Aloysio Nunes vai aos EUA para discutir situação de crianças separadas dos pais

'Não vão', diz ministro a brasileiros que ainda estejam considerando entrar no país ilegalmente

Isabel Fleck
São Paulo

O chanceler Aloysio Nunes vai aos Estados Unidos nos próximos dias para discutir com os cônsules brasileiros no país a situação das mais de 50 crianças que foram separadas dos pais ao cruzarem a fronteira americana.

O ministro afirmou que irá “na próxima semana ou na outra” a Chicago para uma reunião com os diplomatas. “Embora a gente tenha contato permanente, [vou] tomar a temperatura exata de cada um, ver o que eles precisam em termos de suporte da administração central do ministério”, disse, em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, do qual a Folha participou. O programa vai ao ar na noite do próximo domingo (1º).

Aloysio Nunes (à esq.) recebe o vice-presidente americano, Mike Pence, no Itamaraty, em Brasília
Aloysio Nunes (à esq.) recebe o vice-presidente americano, Mike Pence, no Itamaraty, em Brasília - Pedro Ladeira - 26.jun.2018/Folhapress

Questionado sobre a oferta feita pelo presidente Michel Temer ao vice-presidente americano, Mike Pence, —durante sua visita a Brasília— de buscar as crianças brasileiras que estão separadas dos pais para trazê-las ao Brasil, Aloysio disse que é preciso antes avaliar “várias situações”. 

“Se as pessoas foram para lá correndo risco, é porque elas querem ficar nos Estados Unidos. Então a maioria deles está buscando meios legais para ficar nos Estados Unidos”, disse o chanceler. “Nós não podemos impor a criança nenhuma uma solução independentemente da decisão dos pais, dos responsáveis.”

O ministro também ressaltou que a tramitação dos procedimentos jurídicos é diferente em cada caso, com ritmos diferentes, já que há crianças brasileiras detidas em diversos estados americanos.

“Se for possível, e o vice-presidente Pence vai transmitir isso ao governo americano, nós estamos prontos para fazer tudo o que é necessário para que as crianças venham. Mas é claro: desde que estejam de acordo, que as famílias queiram isso e que a situação jurídica de cada uma delas permita”, disse. 

Aloysio, que classificou a situação imposta pelo governo americano às famílias de imigrantes que chegam ilegalmente ao país como “extremamente cruel”, mandou um recado aos brasileiros que ainda estejam considerando cruzar a fronteira sem documentos: “Não vão”.

“A mensagem é: ‘não vão’. Eles têm a legislação deles, que tem essa característica e se exacerbou na tolerância zero do presidente Trump”, afirmou. “Tentar passar clandestinamente, muitas vezes com ajuda de coiotes, de pessoas que fazem tráfico de seres humanos, é um risco tremendo.”

EMBAIXADA

O ministro negou os rumores de que vá deixar o Itamaraty antes do fim do governo Temer para assumir uma embaixada. O movimento poderia garantir a Aloysio a manutenção do foro especial, já que seu mandato como senador também expira em 31 de dezembro. 

O tucano é alvo de inquérito sobre suposto repasse, via caixa dois, de R$ 500 mil da Odebrecht, para sua campanha ao Senado em 2010.

“Não tenho interesse em foro nenhum, nunca essa coisa me passou pela cabeça, mesmo porque esse inquérito [no STF] vai ser encerrado e arquivado”, disse. “Vou sair do palco e vou para a plateia. Minha intenção é voltar a advogar.”

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