Descrição de chapéu Governo Trump

Após um mês de separação nos EUA, brasileira revê filho por uma hora

Lídia Karine Souza foi apartada há mais de um mês do filho Diogo, 9, na fronteira com o México

Lídia e Diogo estão em um rio barrento, tomando banho. Ele faz sinal de positivo.
Lídia Karina Souza foi separada de Diogo, de 9 anos, quando ambos foram detidos na fronteira dos EUA com o México - Reprodução/Brazilian Voice
Nova York

Depois de quase um mês, a brasileira Lídia Karine Souza, 27, conseguiu rever durante uma hora o filho Diogo, 9, de quem foi separada por causa da política de tolerância zero a imigrantes do governo de Donald Trump.

Lídia chegou nesta terça-feira (26) a Chicago para encontrar o menino, que está em uma instituição na cidade.

Em comunicado, o advogado Jesse Bless, que representa gratuitamente Lídia, afirmou que, após horas de conversas com autoridades, ele e Lídia foram autorizados a ver Diogo. O encontro ocorreu em um local separado do abrigo onde ele é mantido. 

"Foi um encontro extremamente emocionado e uma despedida ainda mais emocionada —pela segunda vez—, porque os agentes não deixaram a criança ser liberada sob a custódia da própria mãe", afirmou Bless.

Segundo ele, por causa desse desfecho "decepcionante", ambos entraram com pedido para ter uma audiência de emergência. Também deram continuidade ao processo com o qual Lídia tenta reaver a custódia de Diogo.

"Foi um desfecho devastador para Lídia e para seu filho, mas nós continuamos esperançosos de que as autoridades vão reverter essa decisão e devolvê-lo para a mãe em breve."

De acordo com o advogado, Diogo passou sozinho o aniversário, na segunda (25), no abrigo em Chicago.

Mais cedo, em entrevista ao jornal Chicago Sun-Times, Bless afirmou que a brasileira só tinha permissão de se comunicar com o filho por 20 minutos durante a semana.

Por causa da burocracia, afirma o advogado, Lídia e Diogo só devem conseguir se reunir no fim do próximo mês. 

Bless diz que a brasileira entrou nos EUA legalmente em 29 de maio em busca de asilo. Ele afirma que Lídia tem um medo "crível" de perseguição no Brasil e que precisava de asilo nos EUA, embora não tenha detalhado qual seria o temor da brasileira.

Ela e o filho se apresentaram no controle de fronteira com o México, foco da estratégia anti-imigração ilegal de Donald Trump. 

Segundo Bless, Lídia entrou legalmente nos EUA com autorização do Departamento de Segurança Doméstica. Depois, passou por uma verificação inicial para determinar se o pedido de asilo era válido. 

No dia 30, segundo o jornal The New York Times, um agente, com a ajuda do tradutor do Google, disse que, como ela não havia se apresentado em um portão de entrada oficial, tinha ingressado ilegalmente nos EUA. 

Lídia foi detida e separada de Diogo, que foi enviado a um abrigo.

A brasileira foi mandada a uma corte federal, onde se confessou culpada por ter entrado ilegalmente nos EUA. Foi sentenciada a cumprir um período na cadeia e passou por três centros de detenção.

No dia 9 de junho, foi liberada sob compromisso de comparecer judicialmente para futuros procedimentos. No entanto, Lídia não recebeu informações exatas sobre como se reunir com seu filho.

A brasileira agora vive com a família em Massachusetts (que tem uma maiores comunidades de brasileiros dos EUA), segundo Bless. 

Na quarta-feira passada (20), em meio às fortes críticas domésticas e internacionais, Trump assinou uma ordem executiva para manter as famílias unidas

No domingo (24), porém, voltou à carga contra os imigrantes e defendeu a expulsão sumária, sem direito a julgamento, de quem for flagrado tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

Pelo menos 2.300 menores que atravessaram a fronteira com os pais foram separados desde abril. Cerca de 50 deles eram brasileiros, como revelou a Folha na semana passada.

Até agora, 522 menores foram reunidos às suas famílias, segundo o Departamento de Segurança Doméstica.

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