Boris Johnson diz que Trump seria melhor que May em negociação do 'brexit'

Para chefe da diplomacia britânica, presença do americano é 'um pensamento muito, muito bom'

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Londres | Reuters

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, disse que a saída do país da União Europeia, o "brexit", estaria melhor encaminhada se quem estivesse conduzindo a negociação fosse o presidente americano Donald Trump e não a atual primeira-ministra, Theresa May.

O diplomata afirmou ainda que as negociações devem endurecer nos próximos meses e podem levar a um "colapso" antes da situação melhor.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, passa em frente a residência oficial da primeira-ministra, Theresa May
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, passa em frente a residência oficial da primeira-ministra, Theresa May - Toby Melville - 7.jun.2018/Reuters

As declarações foram feitas em um jantar a portas fechadas na última quarta-feira (6) e divulgadas nesta sexta (8) pelo site BuzzFeed, que teve acesso a uma gravação secreta do encontro. 

"Imagine Trump fazendo o 'brexit'. Ele seria muito duro. Aconteceria todo tipo de fracasso, todo tipo de caos. Todo mundo pensaria que ele enlouqueceu. Mas na verdade você poderia chegar a algum lugar. É um pensamento muito, muito bom", disse Johnson na gravação. 

O presidente americano trava atualmente uma disputa comercial com seus aliados europeus, incluindo Londres, sobre a taxação do aço. 

Segundo Johnson, que foi um dos principais apoiadores da campanha que levou ao "brexit", May será obrigada a endurecer o discurso nas negociações com a União Europeia. "Eu creio que Theresa vai entrar em uma fase na qual teremos que ser muito mais combativos com Bruxelas", afirmou.

"Você tem que encarar o fato de que agora pode haver um colapso, ok? Eu não quero que ninguém entre em pânico durante o colapso. Sem pânico. Pro bono publico [pelo bem público, em latim"], sem desespero. Tudo vai ficar bem no final", disse o ministro. 

O secretário criticou ainda seu colega de gabinete Philip Hammond, responsável pela pasta de finanças e um dos principais defensores da União Europeia no governo.  

Segundo Johnson, o Tesouro britânico se transformou "basicamente no coração da campanha de permanência [do país na União Europeia]".

Ele acusou a pasta de tentar impedir que o Reino Unido tenha total liberdade em sua política comercial após o "brexit"  negociando para que o país se mantenha ligado à união tarifária do bloco e ao mercado comum europeu. 

Hammond respondeu a fala Johnson afirmando que as táticas de Trump não trariam um resultado melhor. De acordo com ele, uma abordagem colaborativa nas negociações vai gerar um acordo melhor do que um confronto com Bruxelas.

Já May disse, através de uma porta-voz, que tem confiança em Johnson e que seu governo está trabalhando duro para concretizar o "brexit". 

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