Hackers que trabalham para o governo chinês comprometeram os computadores de uma empresa que presta serviços à Marinha de guerra dos EUA e roubaram um volume imenso de dados altamente confidenciais relacionados à guerra submarina.
Os dados incluem planos secretos para o desenvolvimento de míssil antinaval supersônico para uso por submarinos americanos a partir de 2020, de acordo com representantes do governo dos EUA.
As investigações estão em curso, mas autoridades americanas falaram sob condição de sigilo que as violações aconteceram em janeiro e fevereiro.
Os hackers agiram contra uma empresa que trabalha para o Centro Naval de Guerra Submarina, uma organização militar que conduz pesquisa e desenvolvimento de submarinos e armamento de uso subaquático.
O nome da empresa não foi revelado pelas autoridades.
Os hackers obtiveram informações relacionadas a um projeto altamente sigiloso chamado Sea Dragon, bem como dados de comunicações e sensores, informações de centrais de rádio de submarinos relacionadas a sistemas criptográficos e o conteúdo da biblioteca de guerra eletrônica da unidade naval de desenvolvimento de submarinos.
Investigadores dizem que a operação foi conduzida pelo Ministério de Segurança do Estado chinês, agência civil responsável por contraespionagem, obtenção de inteligência fora do país e proteção à segurança nacional.
A operação dos hackers é parte dos persistentes esforços chineses para reduzir a vantagem dos Estados Unidos em tecnologia militar, abrindo caminho para que a China se torne a potência dominante no leste da Ásia.
A notícia surge em um momento no qual o governo de Donald Trump busca o apoio de Pequim para persuadir a Coreia do Norte a abandonar suas armas nucleares, apesar das tensões persistentes entre EUA e China quanto a questões de comércio e Defesa.
A operação envolve uma área militar que a China identificou como prioridade —quer não só ampliar sua capacidade como também reduzir a americana.
O projeto Sea Dragon é uma iniciativa que visa adaptar tecnologias militares existentes a novas aplicações. O Departamento de Defesa não divulgou muitas informações sobre o projeto, em respeito às normas de sigilo, e se limitou a dizer que ele "introduzirá uma capacidade ofensiva desordenadora".
Especialistas militares temem que a China tenha desenvolvido capacidades que poderiam reduzir o potencial da Marinha americana para defender os aliados na Ásia, em caso de conflito com a China.
Pequim fez da redução de sua desvantagem na guerra submarina uma de suas três maiores prioridades e, ainda que os EUA continuem a liderar nesse campo, os chineses estão realizando um esforço coordenado para reduzir a vantagem americana, segundo o almirante Philip Davidson, que comanda as forças americanas nos oceanos Índico e Pacífico.
Davidson, em audiência no Senado americano em abril, acrescentou: "Aquilo que eles não conseguem desenvolver, eles roubam —muitas vezes no ciberespaço".
Hackers a serviço do governo chinês vêm há anos roubando informações sobre as Forças Armadas dos EUA.
Ao longo dos anos, eles obtiveram projetos para o caça F-35 Joint Strike Fighter; para o sistema de mísseis antiaéreos Patriot PAC-3; e para um sistema de combate a mísseis balísticos desenvolvido pelo Exército, por exemplo.
Em 2015, em um esforço para evitar sanções econômicos, o líder chinês, Xi Jinping, prometeu a Barack Obama que a China não praticaria espionagem cibernética comercial contra os EUA.
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