Descrição de chapéu The Washington Post

China usa hackers para obter dados secretos da Marinha dos EUA

Ação visava encontrar segredos de programa de submarinos e de mísseis americanos

Navios aparecem em três filas: na primeira três porta-aviões, seguidos por cinco embarcações menores e outras cinco na última fileira
Navios americanos, incluindo três porta-aviões, fazem exercícios militares com a Coreia do Sul no mar do Japão em abril - Ministério da Defesa da Coreia do Sul - 12.nov.17/Associated Press
Ellen Nakashima Paul Sonne
Washington | Washington Post

Hackers que trabalham para o governo chinês comprometeram os computadores de uma empresa que presta serviços à Marinha de guerra dos EUA e roubaram um volume imenso de dados altamente confidenciais relacionados à guerra submarina.

Os dados incluem planos secretos para o desenvolvimento de míssil antinaval supersônico para uso por submarinos americanos a partir de 2020, de acordo com representantes do governo dos EUA.

As investigações estão em curso, mas autoridades americanas falaram sob condição de sigilo que as violações aconteceram em janeiro e fevereiro.

Os hackers agiram contra uma empresa que trabalha para o Centro Naval de Guerra Submarina, uma organização militar que conduz pesquisa e desenvolvimento de submarinos e armamento de uso subaquático.

O nome da empresa não foi revelado pelas autoridades.

Os hackers obtiveram informações relacionadas a um projeto altamente sigiloso chamado Sea Dragon, bem como dados de comunicações e sensores, informações de centrais de rádio de submarinos relacionadas a sistemas criptográficos e o conteúdo da biblioteca de guerra eletrônica da unidade naval de desenvolvimento de submarinos.

Investigadores dizem que a operação foi conduzida pelo Ministério de Segurança do Estado chinês, agência civil responsável por contraespionagem, obtenção de inteligência fora do país e proteção à segurança nacional.

A operação dos hackers é parte dos persistentes esforços chineses para reduzir a vantagem dos Estados Unidos em tecnologia militar, abrindo caminho para que a China se torne a potência dominante no leste da Ásia.

A notícia surge em um momento no qual o governo de Donald Trump busca o apoio de Pequim para persuadir a Coreia do Norte a abandonar suas armas nucleares, apesar das tensões persistentes entre EUA e China quanto a questões de comércio e Defesa.

A operação envolve uma área militar que a China identificou como prioridade —quer não só ampliar sua capacidade como também reduzir a americana.

O projeto Sea Dragon é uma iniciativa que visa adaptar tecnologias militares existentes a novas aplicações. O Departamento de Defesa não divulgou muitas informações sobre o projeto, em respeito às normas de sigilo, e se limitou a dizer que ele "introduzirá uma capacidade ofensiva desordenadora".

Especialistas militares temem que a China tenha desenvolvido capacidades que poderiam reduzir o potencial da Marinha americana para defender os aliados na Ásia, em caso de conflito com a China.

Pequim fez da redução de sua desvantagem na guerra submarina uma de suas três maiores prioridades e, ainda que os EUA continuem a liderar nesse campo, os chineses estão realizando um esforço coordenado para reduzir a vantagem americana, segundo o almirante Philip Davidson, que comanda as forças americanas nos oceanos Índico e Pacífico.

Davidson, em audiência no Senado americano em abril, acrescentou: "Aquilo que eles não conseguem desenvolver, eles roubam —muitas vezes no ciberespaço".

Hackers a serviço do governo chinês vêm há anos roubando informações sobre as Forças Armadas dos EUA.

Ao longo dos anos, eles obtiveram projetos para o caça F-35 Joint Strike Fighter; para o sistema de mísseis antiaéreos Patriot PAC-3; e para um sistema de combate a mísseis balísticos desenvolvido pelo Exército, por exemplo.

Em 2015, em um esforço para evitar sanções econômicos, o líder chinês, Xi Jinping, prometeu a Barack Obama que a China não praticaria espionagem cibernética comercial contra os EUA.

Tradução de Paulo Migliacci

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