Compra de armas russas faz Senado dos EUA vetar entrega de caças à Turquia

Pentágono diz que venda dos F-35 vai acontecer de todo modo, mas decisão será de Trump

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Moscou

A venda de caças avançados F-35 à Turquia tornou-se o novo entrave nas relações entre Washington e o importante membro da Otan, aliança militar liderada pelos EUA.

Na segunda (18), o Senado aprovou sua versão do Ato de Autorização de Defesa, que compila US$ 700 bilhões (R$ 2,6 trilhões) de vendas potenciais de equipamento militar americano em 2019. Nela, foi banida a entrega dos jatos para os turcos.

Além de exigir a libertação do pastor americano Andrew Burson, detido sob acusação de apoiar o golpe de 2016 contra o governo de Recep Tayyip Erdogan, os senadores não aceitam que a Turquia leve adiante a compra de sistemas de defesa antiaérea S-400 da Rússia.

Modelo russo S-400 de defesa antiaérea é exibido em Moscou
Modelo russo S-400 de defesa antiaérea é exibido em Moscou; a compra do sistema pela Turquia irritou Washington - Alexander Nemenov - 22.ago.2017/AFP


A venda foi acertada em 2016 e confirmada nesta semana por Ancara, que está em um processo de afastamento do Ocidente e aproximação tática com a Rússia de Vladimir Putin. Os dois países cooperam, em conjunto com o Irã, na tentativa de solucionar a guerra civil na Síria, por exemplo. Não há valor certo do negócio com os turcos, mas cada batalhão de artilharia de S-400 custa cerca de US$ 400 milhões (R$ 1,5 bilhão).

A Otan alega que a introdução de sistemas russos prejudica a interoperabilidade das Forças Armadas de seus Estados-membros, dos quais a Turquia ocupa a posição única de estar no Oriente Médio —suas bases são usadas em operações na região há anos. A Turquia, por sua vez, diz que a queixa é meramente política.

As relações com seus aliados ocidentais estão abaladas. A União Europeia apresentou vários obstáculos para a pretensão turca de unir-se ao bloco, e os EUA são criticados por dar abrigo a um clérigo muçulmano que é visto como um dos mentores do golpe fracassado contra Erdogan.

O F-35 é um caça de última geração, em fabricação desde 2006. A Turquia participa de seu programa de desenvolvimento desde 2002, e espera comprar até cem unidades do jato, para substituir sua frota de F-16. Não há valor final, mas cada F-35 custa em torno de US$ 100 milhões (R$ 375 milhões). O premiê turco, Binali Yildirim, disse que a decisão do Senado é “infeliz”. No ano passado, ele chamou a pressão americana para suspender a compra do S-400 de “chantagem”.

Como a decisão do Senado não é final, o Pentágono já informou que vai proceder ao “roll-out” (cerimônia em que o avião deixa a linha de montagem) do primeiro F-35 turco nesta quinta (21). A versão do texto dos senadores terá de ser harmonizada com um texto aprovado pelos deputados, e ainda espera um posicionamento do Departamento de Defesa americano. Tudo resolvido, a proposta é entregue para o presidente Donald Trump vetar ou aprovar.

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