Documento do Vaticano sugere uso de homens casados como padres na Amazônia

Proposta pode ser debatida em um encontro de bispos da região em outubro de 2019

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Vaticano | Reuters

Um documento preparado para uma reunião de bispos católicos da Amazônia, que pode propor o ordenamento de homens idosos casados como padres para a região, diz que a Igreja deveria fazer "propostas ousadas".

Divulgado nesta sexta-feira (8), o documento diz que o sínodo —que ocorrerá em outubro de 2019— deveria cogitar também conferir às mulheres atuantes na mesma área algum "tipo de ministério oficial".

O encontro incluirá bispos e outros representantes dos nove países da região amazônica e outros grupos, entre eles povos indígenas.

O bispo Zon Pereira celebra missa em Tabatinga (AM); a região amazônica enfrenta falta de padres
O bispo Zon Pereira celebra missa em Tabatinga (AM); a região amazônica enfrenta falta de padres - Danilo Verpa - 11.nov.2017/Folhapress

Ele renova o apelo do papa Francisco para que se proteja a Amazônia da ganância de empresas e consumidores, dizendo que a região é vital para o planeta. O texto pede uma solução para o problema da falta de padres para rezar missas para os habitantes da área de mais de 7,5 milhões de quilômetros quadrados (tamanho próximo ao dos Estados Unidos continental).

"Um dos pontos principais a serem ouvidos é o clamor de milhares de comunidades privadas da Eucaristia de domingo por longos períodos de tempo", diz o documento.

Segundo as regras da Igreja, só padres podem rezar missas. Por isso, o documento pede um "processo de discernimento" para responder às "realidades concretas do povo amazônico".

O texto afirma que a presença da Igreja na Amazônia "se tornou precariamente escassa" por causa do território vasto e de sua diversidade cultural.

O sínodo deve debater a possibilidade do ordenamento "viri probati" —termo em latim que se refere a homens cristãos de caráter comprovado— para lidar com a carência de padres.

A ideia, assim, seria ordenar esses homens, que seriam idosos casados e com destaque na comunidade católica local e com filhos já adultos. 

Em uma entrevista concedida a um jornal alemão no ano passado, Francisco disse estar disposto a estudar o ordenamento de homens casados idosos como padres em comunidades isoladas, mas descartou a ideia de tornar o celibato opcional como uma forma de lidar com o déficit de clérigos.

Ele rejeitou acolher todos os homens casados no sacerdócio ou amenizar o compromisso da Igreja com o celibato, visto como uma virtude que permite aos padres devotarem sua vida plenamente ao serviço de Deus.

Segundo revelou a imprensa europeia no fim do ano passado, o papa autorizou o início de um debate interno dentro da Igreja Católica para permitir que homens casados se tornem padres na Amazônia.

A autorização para a discussão teria acontecido após pedido do cardeal brasileiro Cláudio Hummes, que é presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia.

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