Europeus do G7 criticam Trump e dizem que decisão foi infantil e incoerente

Aliados dos EUA adotam posição dura após americano desautorizar comunicado do grupo

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Washington

Para uns, foi infantil. Para outros, uma demonstração de força.

Assim como quase tudo que vem do presidente Donald Trump, a decisão do americano de voltar atrás e não endossar o comunicado final do G7, após dois dias de discussões, foi recebida com divisão.

Entre líderes europeus, a medida, tomada horas depois do final do encontro, no sábado (9), foi duramente criticada e chamada de “infantil” e “desanimadora”.

“Numa questão de segundos, você pode destruir tudo com alguns caracteres do Twitter”, disse o ministro alemão Heiko Maas. “Foi, claro, um pouco depressivo”, afirmou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
 

O presidente americano, Donald Trump, conversa com a chanceler alemã, Angela Merkel, durante reunião do G7, em foto que viralizou
O presidente americano, Donald Trump, conversa com a chanceler alemã, Angela Merkel, durante reunião do G7 no Canadá, em foto que viralizou - AFP

Trump decidiu retirar apoio à declaração do grupo, que reúne sete das principais economias desenvolvidas do mundo, pelas redes sociais –depois de ouvir os comentários do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, de que as tarifas impostas pelos EUA contra o aço e o alumínio importados eram “um insulto”.

O americano voltou o criticar o canadense na noite deste domingo (10), dizendo que Trudeau "se faz de magoado quando chamado atenção". Ele disse que os EUA não devem deixar que outros países tenham enormes superávits comerciais às custas do trabalhador americano.

“A cooperação internacional não pode depender da raiva ou de pequenas palavras. Vamos ser sérios e dignos de nosso povo”, informou o governo francês, em comunicado neste domingo (10). “Nós passamos dois dias trabalhando num acordo. Qualquer um que deixe isso para trás mostra incoerência.” 

“[Trump] agiu e reagiu do modo infantil que poderíamos esperar”, declarou Norbert Röttgen, líder do comitê de relações exteriores do Parlamento alemão.

Políticos como o veterano senador John McCain lamentaram a falta de apoio ao consenso costurado por tradicionais aliados dos EUA. “Os americanos estão com vocês, mesmo que nosso presidente não esteja”, declarou McCain.

Na internet, a foto que se tornou um símbolo do encontro (que opõe Merkel, apoiada em uma mesa, ao presidente Trump, sentado em uma cadeira com os braços cruzados) virou meme: muitos viram nela uma demonstração de arrogância do americano.

“Petulância é uma atitude, e não uma política”, disse o diplomata americano Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations. “O unilateralismo não pode ser bem-sucedido diante dos desafios atuais do mundo.”

Mas assessores da Casa Branca vieram a público para defender a decisão, e disseram que o presidente não daria mostras de fraqueza— ainda mais rumo ao encontro com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, a ser realizado na noite desta segunda (11).

“Ele não vai deixar que um primeiro-ministro canadense o intimide”, afirmou o conselheiro econômico de Trump, Larry Kudlow.

Para ele, a atitude de Trump demonstra força e manda uma mensagem ao líder norte-coreano, de que o americano não fará acordo sem que haja uma real concessão por parte de Kim rumo à desnuclearização.
Outros assessores elogiaram o que consideram ser a consistência de Trump em sua abordagem do comércio.

“Mais um encontro em que os outros países esperavam que a América fosse, para sempre, o seu banco. Não mais”, declarou John Bolton, assessor de Segurança Nacional.

Pivô da discórdia, o primeiro-ministro canadense se limitou a celebrar a declaração conjunta do G7, que defende o livre-comércio e a democracia —assinada por todos, menos por Trump. 

“É um acordo histórico que fará nossas economias mais fortes e prósperas; é isso que importa”, declarou Trudeau.

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