Explosão durante comício na Etiópia mata um e fere mais de 150

Incidente interrompeu primeiro discurso público após a nomeação do primeiro-ministro

Forças de segurança etíopes intervêm após explosão em Addis Ababa - AFP
Adis Abeba | AFP

Uma pessoa morreu e mais de 150 outras ficaram feridas após uma explosão neste sábado (23) durante um comício na presença do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed no centro da capital Adis Abeba. A polícia investiga seis pessoas suspeitas de participação no ataque.

Diante de milhares de pessoas reunidas na praça Meskel, Abiy acabava seu discurso e cumprimentava a multidão quando uma explosão aconteceu, provocando pânico entre as pessoas, constatou um jornalista da AFP no local.

O primeiro-ministro deixou rapidamente o palanque após a explosão. O ministro da Saúde, Amir Aman, revisou o balanço de vítimas, a 1 mortos e 154 feridos, incluindo 10 em estado crítico.

Abiy estimou que o incidente havia sido planejado por grupos que procuram desacreditar este encontro e mais amplamente o seu programa de reformas.

"Todas as vítimas são mártires do amor e da paz", declarou Abiy, segundo a rádio-televisão Fana Broadcast Corporate, próxima ao governo.

Arega explicou que a explosão foi provocada por uma granada, lançada por pessoas ainda não identificadas, "cujo coração está cheio de ódio".

Um fotógrafo da AFP constatou a prisão de quatro pessoas no local, dois homens e duas mulheres.

Um dos organizadores do evento, Seyoum Teshome, explicou que viu uma briga perto do palanque e alguém tentar jogar a granada nesta direção.

"Neste momento, quatro policiais se apressaram e neste momento a granada explodiu", declarou à AFP.

Tratava-se do primeiro discurso público em Addis Ababa de Abiy depois de sua nomeação para o cargo em abril, e tinha um caráter bastante simbólico em sua campanha para explicar suas reformas.

Desde que tomou posse, depois de mais de dois anos de manifestações contra o governo que resultaram na queda de seu antecessor Hailemariam Desalegn, Abiy tem impulsionado grandes mudanças no país, libertando vários opositores presos e iniciando um processo de liberalização econômica.

Este comício começou de forma tranquila. Os espectadores acenavam bandeiras da Frente de Libertação Oromo (OLF), um grupo armado rebelde, e uma versão antiga da bandeira etíope, símbolo dos protestos contra o governo.

A polícia, que no passado prendia qualquer um que estivesse em posse dessas bandeiras, não interferiu desta vez.

Em seu discurso, Abiy, vestindo uma camiseta verde e chapéu, expressou sua gratidão à multidão e elogiou as virtudes do amor, da harmonia e do patriotismo. "A Etiópia voltará ao topo e as fundações serão o amor, a unidade e a união", declarou ele.

Após a explosão, dezenas de pessoas subiram ao palco e começaram a jogar vários objetos contra a polícia, gritando "Abaixo Woyane" ou "Woyane ladrão", referindo-se ao apelido pejorativo usado para descrever o governo, segundo o jornalista da AFP no local.

Alguns espectadores iniciaram brigas e pedras foram jogadas contra os jornalistas, que tiveram que se abrigar. As forças de segurança preferiram não intervir, abstendo-se de conter as pessoas no local.

Após estes incidentes, a calma parecia voltar aos poucos, mas dezenas de milhares de pessoas continuavam a cantar e expressar seu descontentamento com as autoridades, enquanto os organizadores do encontro tentavam recuperar o controle da situação.

Etíopes  cercam ambulância na praça Meskel após explosão em comício deixar un morto e 150 feridos
Etíopes cercam ambulância na praça Meskel após explosão em comício deixar un morto e 150 feridos - Yonas Tadese/AFP
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