Francesa atravessa fronteira do Canadá com os EUA por engano e é presa

Cedella Roman, 19, ficou 15 dias em um centro de detenção antes de conseguir provar cidadania

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Cedella aparece sentada, olhando para o lado, com os montanhas ao fundo
Cedella Roman, 19, que havia ido estudar inglês no Canadá, foi presa enquanto caminhava por uma praia na fronteira com os EUA - Arquivo Pessoal/AFP
Alexandra del Peral
Paris | AFP

Por ter atravessado acidentalmente a fronteira entre o Canadá e os EUA enquanto se exercitava, ela foi detida por 15 dias em um centro americano de imigrantes: após o choque, Cedella Roman, uma francesa de 19 anos, relata à AFP o “maior medo de sua vida”.

“Quando penso, digo a mim mesma ‘tudo isso por nada’. É um pouco inacreditável”, diz a jovem que ainda luta para encontrar palavras para sua desventura, revelada pelo canal canadense CBC em plena polêmica sobre a política migratória do governo Donald Trump.

Natural de Briançon, nos Alpes franceses, ela decidiu, depois de se formar no ensino médio, ir para o Canadá para aprender inglês, em White Rock, na província da Colúmbia Britânica, no oeste do país, onde mora sua mãe.

Mas no dia 21 de maio, seu mundo virou de cabeça para baixo. “Era feriado e como minha mãe não estava trabalhando, fomos para a praia com minha irmãzinha para aproveitar o sol”, lembra ela.

No final do dia, a jovem decidiu fazer uma corrida. “Comecei a correr, mas rapidamente cheguei ao fim da praia e percebi que a maré começava a subir.”

Ela então se virou para trás, quando viu uma pequena estrada de terra que decidiu pegar para fotografar a paisagem antes de voltar para casa. Foi então que dois agentes americanos a acusaram de entrar ilegalmente nos EUA.

Surpresa, sem documentos de identidade, ela tenta explicar-lhes que era francesa, que tinha visto de residência no Canadá e que havia cruzado a fronteira “sem perceber”.

Os dois agentes tentaram, de acordo com a jovem, tranquilizá-la, mas informam-na, após cerca de 20 minutos, que não poderiam deixá-la partir.

De acordo com seu relato, ela foi levada “para um prédio” onde os agentes pegaram suas impressões digitais e apreenderam seus pertences pessoais: “Foi quando comecei a ter muito medo. Eu me senti como uma grande criminosa”, lembra com emoção.

Os policiais a deixaram telefonar para sua mãe, que a princípio acreditou se tratar de uma piada de mau gosto: “Foi quando eu passei para um dos policiais que ela imediatamente entendeu e começou a entrar em pânico”, explica.

Ela foi transferida a um centro de detenção em Tacoma, no estado de Washington (noroeste), entre 1h e 2h do dia 22 de maio. E então, o susto: “Me vi numa prisão. Trancada todo o tempo, e a área externa com arame farpado e cachorros”.

Durante 15 dias, a jovem morou num grande dormitório com 60 beliches e uma centena de imigrantes.

“Tentávamos nos entender e nos ajudar. Havia uma boa atmosfera. Ver pessoas da África e de outros lugares presas por tentarem atravessar a fronteira me fez colocar a minha experiência em perspectiva”, dramatizou.

Sua mãe, que durante esse tempo lutou para libertá-la, chegou dois dias depois com o passaporte e o visto da filha.

No entanto, Cedella não foi libertada de imediato por causa de um imbróglio administrativo. Segundo ela, “os EUA tentaram entrar em contato com o Canadá para obter o máximo de informações sobre mim. Mas como eu não sou canadense, demorou muito tempo”.

Ela finalmente foi libertada em 6 de junho e retornou diretamente ao Canadá antes de voltar à França uma semana depois. Ainda que a jovem não tenha sido processada judicialmente, está proibida de residir nos EUA.

Questionados pelo canal CBC, os serviços americanos se limitaram a confirmar que a garota foi libertada em 6 de junho.

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