Grécia e Macedônia encerram impasse de 27 anos, e país poderá trocar de nome

Pacto permite criação da Macedônia do Norte e possibilitará a entrada na União Europeia

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O primeiro-ministro da Macedônia, Zoran Zaev, e o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, durante encontro em Otesevo
O primeiro-ministro da Macedônia, Zoran Zaev, e o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, durante encontro em Otesevo - Ognen Teofilovski/Reuters
Psarades (Grécia) | AFP

Grécia e Macedônia assinaram neste domingo (17), na cidade de fronteira de Psarades (Grécia), um acordo histórico, que encerra 27 anos de conflito pelo nome da ex-república iugoslava, que agora passa a ser chamada Macedônia do Norte.

Até aqui, o nome oficial da Macedônia era Antiga República Iugoslava da Macedônia.

O acordo, assinado pelos ministros das Relações Exteriores dos dois países, acaba com 27 anos de conflito bilateral e permitirá o fim do veto da Grécia à entrada da Macedônia na União Europeia e na Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).

O acordo, arduamente negociado por seis meses, foi assinado pelos ministros grego Nikos Kotzias e macedônio Nikola Dimitrov às margens do lago Prespes. Agora, deve ser ratificado pelos respectivos Parlamentos e submetido a um referendo na Macedônia.

Os primeiros-ministros grego Alexis Tsipras e macedônio Zoran Zaev estavam presentes na cerimônia, assim como representantes da ONU (Organização das Nações Unidas), da União Europeia e da Otan, que apoiam o acordo.

Desde a independência da ex-república iugoslava em 1991, a questão do nome da Macedônia era tema de controvérsia. 

A Grécia não aceitava que o país vizinho assumisse o nome de uma de suas províncias, reivindicando a herança dos grandes reis da Macedônia antiga, Filipe 2º, e seu filho, Alexandre, o Grande.

Os dois primeiros-ministros enfrentaram reações em seus países, com críticas da oposição de direita e dos setores mais nacionalistas.

Tsipras, acusado de traição, sobreviveu no sábado (16) a uma moção de censura da direita para bloquear o acordo, apresentada contra seu governo. 

Na Macedônia, o presidente Gjorge Ivanov pretende exercer o direito de veto para bloquear o que a oposição nacionalista chama de rendição, algo que poderia atrasar um pouco a ratificação do acordo.

A disputa, que misturava aspectos políticos e históricos, impedia a aproximação do pequeno Estado macedônio com a União Europeia e a Otan. 

Após a assinatura do acordo pelos chanceleres, Tsipras afirmou que os dois países cumpriram com seu "dever patriótico". "É um passo histórico para cicatrizar as feridas do passado, abrir a via da cooperação entre nossos países, os Bálcãs e toda a Europa", disse.

"Este passo não deve ser suspenso (...) pois damos um exemplo para construir o futuro contra o ódio", afirmou o primeiro-ministro grego.

O tratado, que acaba com 27 anos de confronto, tem uma "importância estratégica que pode mover montanhas" para trazer estabilidade e prosperidade, afirmou o primeiro-ministro da Macedônia, o social-democrata Zoran Zaev.

O acordo foi em grande parte possível após a chegada de Zaev ao poder em 2017, sucedendo a direita nacionalista.

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