Descrição de chapéu Venezuela

Número dois do chavismo é escolhido presidente da Constituinte venezuelana

Chavista radical, Diosdado Cabello é alvo de sanções de EUA e UE e acusado de tráfico de drogas

De camisa vermelha e camiseta preta por baixo, Diosdado Cabello levanta a mão esquerda com o dedo indicador em riste
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, em foto de 2017; ele foi escolhido presidente da Assembleia Constituinte no lugar de Delcy Rodríguez - Federico Parra - 9.mai.17/AFP
Caracas e São Paulo | AFP e Reuters

O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, foi escolhido nesta terça-feira (19) o novo presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, substituindo Delcy Rodríguez, indicada pelo ditador Nicolás Maduro como sua vice.

Os membros da Casa, instalada em agosto passado e composta integralmente por aliados do regime, votaram por unanimidade em Cabello, cuja indicação para a função era esperada pela imprensa e por analistas políticos.

Vice-secretário-geral do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), Cabello foi um dos militares que se aliou a Hugo Chávez (1954-2013) na tentativa de golpe de 1992 e foi um dos principais auxiliares no governo.

Nos últimos meses antes da morte do presidente, Cabello era o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, à época com maioria chavista. Na época ele era cotado para suceder Chávez, mas este preferiu Maduro.

Devido à influência entre os militares e algumas alas do chavismo, esperava-se que ele rivalizasse com Maduro após Chávez morrer. Analistas afirmam que a indicação para a Constituinte é parte da acomodação de alas do regime.

“Sem dúvida é um entendimento entre a ala radical do chavismo e a ala radical do madurismo. É um pacto de governabilidade”, disse o cientista político Jesús Castillo Molleda à agência de notícias AFP.

Embora oficialmente Maduro imponha todos os projetos e todas suas decisões sejam aprovadas, quase sempre por unanimidade, a Constituinte é a instituição máxima da Venezuela à qual estão submetidos os outros Poderes.

Conhecido pelas posições radicais em relação à oposição, externadas no plenário e principalmente na TV, Cabello é alvo de sanções dos EUA, da União Europeia, da Suíça e do Canadá e está na lista contra lavagem de dinheiro do Panamá.

Também foi acusado pela imprensa internacional de liderar uma rede de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro de fundos públicos e da mineração. Assim como os outros membros do regime, porém, nunca foi processado.

Ele nega as acusações e processou três meios de comunicação: os jornais espanhol ABC, americano The Wall Street Journal e o venezuelano El Nacional. As duas primeiras ações foram arquivadas nos respectivos países.

Já contra El Nacional, principal jornal opositor do país, a Justiça, composta por magistrados aliados do chavismo, condenou os donos a indenizá-lo no final de maio e ele chegou a ameaçar tomar o controle da publicação.

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