Papa critica separação de crianças nos EUA e defende imigração na Europa

Francisco afirmou que continente "ficará vazio" se não receber os estrangeiros

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Vaticano | Reuters

O papa Francisco criticou nesta quarta-feira (20) a política do governo americano que levou crianças a serem separadas dos pais na fronteira do país com o México e fez uma defesa da imigração, em especial na Europa. 

Em entrevista à agência de notícias Reuters, ele afirmou que o populismo não é a solução para resolver as questões de migração pelo mundo e disse apoiar uma declaração recente dos bispos dos Estados Unidos, que classificaram a separação das crianças dos pais de imoral e "contrária aos valores cristãos".

O papa Francisco durante audiência no Vaticano nesta quarta (20)
O papa Francisco durante audiência no Vaticano nesta quarta (20) - Vincenzo Pinto/AFP

O pontífice não citou o presidente americano Donald Trump, responsável por implementar uma política de "tolerância zero" na fronteira do país com o México que já afetou mais de 2.000 crianças.

Segundo as novas regras, todo imigrante ilegal adulto que tente entrar no país deve ser detido e enviado para uma prisão federal, onde aguardará seu processo criminal. Como as crianças não podem acompanhar os pais na prisão, elas são separadas e vão para abrigos. 

A medida rendeu críticas internas e externas a Trump, que se elegeu prometendo combater a imigração ilegal.

Para o papa, porém, políticos populistas estão exagerando sobre o assunto. "Alguns governos têm trabalhado nisso [o recebimento dos imigrantes] e as pessoas devem ser assentadas da melhor maneira possível, mas provocar psicose não é a cura. Populismo não resolve coisas. O que resolve é aceitação, estudo e prudência", disse.

Francisco afirmou também que o caso é ainda mais preocupante em regiões com populações que estão envelhecendo, como a Europa. Segundo o pontífice, o continente passa por um "grande inverno demográfico" e "ficará vazio" sem a imigração. 

"Eu acredito que não se pode rejeitar pessoas que cheguem. Você deve recebê-las, ajudá-las, cuidar delas, acompanhá-las e só então procurar por toda a Europa um local em que possam viver", disse ele.  

O papa disse ainda que uma das causas da imigração é a ganância de empresas europeias que, segundo ele, exploram o continente africano sem distribuir a riqueza com a população local. 

"Precisamos investir na África, mas investir de maneira ordenada e criar empregos, e não ir lá apenas para explorá-la", disse ele. "Quando um país concede independência a um país africano, é a partir do chão —mas o subsolo não é independente. E então as pessoas [da Europa] reclamam dos africanos famintos que vêm para cá. Há injustiças lá!", afirmou.  

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