Descrição de chapéu Governo Trump

Putin culpa disputa interna americana por crise com os EUA

Presidente se reúne com assessor de segurança de Trump, no que deve ser prévia de cúpula entre países

Igor Gielow
Kaliningrado

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, culpou o péssimo estado das relações entre as duas maiores potências nucleares do mundo a “amargas disputas políticas internas nos EUA”.

O presidente russo, Vladimir Putin, cumprimenta John Bolton, assessor de segurança dos EUA, no Kremlin
O presidente russo, Vladimir Putin, cumprimenta John Bolton, assessor de segurança dos EUA, no Kremlin - Alexander Zemlianichenko/Pool/Reuters

A frase foi dita ao assessor de segurança do presidente Donald Trump, John Bolton, que visitou Moscou nesta quarta (27). Ele discutiu com o chanceler russo, Serguei Lavrov, a possibilidade de haver um encontro entre os dois líderes.

O fato de ele ter sido recebido na sequência por Trump apenas elevou o status da visita e praticamente assegura a realização da cúpula. Áustria e Finlândia já se ofereceram publicamente para sediar o encontro.

“Infelizmente as relações russo-americanas não estão o seu melhor estado agora”, disse Putin, usando bastante eufemismo.

Ele não precisou citar, mas quando culpou as disputas internas se referia às acusações da oposição democrata ao republicano de que a Rússia influenciou a eleição de Trump em 2016. O fez, segundo relatórios da CIA, ao promover ataques cibernéticos como o hackeamento de emails da campanha de Hillary Clinton.

O Kremlin só divulgou um pedaço da conversa entre os dois. Bolton, por sua vez, concordou que os países têm sérias divergências, mas que é vital para ambos que haja um trabalho para a melhoria das relações.



A Rússia é uma pedra no sapato de Trump desde a campanha presidencial, quando a troca mútua de elogios com Putin lhe rendeu suspeitas de que seria mais próximo do Kremlin do que um presidente americano deveria ser. Diversos contatos de negócios de associados seus com russos emergiram, e um inquérito apura o suposto favorecimento russo à sua eleição.

Quando o Reino Unido acusou o Kremlin de mandar envenenar um ex-espião russo e sua filha na Inglaterra, em março, os EUA acompanharam o aliado ocidental e outros países numa retaliação que tomou proporções épicas, com dezenas de diplomatas expulsos de lado a lado.

A Casa Branca também ordenou uma nova rodada de sanções contra interesses russos, ampliando a punição iniciada após Putin ter incorporado a Crimeia ucraniana a seu território, em 2014.

Mas Trump tem dado sinais contraditórios, apesar da pressão sobre sua relação com a Rússia.

Ele defendeu a reintegração do país ao G7, associação dos países mais ricos do mundo, e deixou a mais recente reunião do grupo sem assinar o documento conjunto de praxe. Preferiu ir para uma reunião de cúpula com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, naquilo que foi visto como mais uma demonstração de prioridade dada ao que considera melhor interesse dos EUA. Também promove uma guerra tarifária contra aliados ocidentais e a China.

Para Putin, reeleito com 77% para um mandato de mais seis anos à frente do Kremlin, o encontro seria uma cunha no seu isolamento diplomático recente e um reconhecimento de sua posição de força.

Se símbolos contam, não havia nenhum líder ocidental relevante presente à abertura da Copa do Mundo em Moscou, no dia 14. Alguns países declararam boicote político explícito, como o Reino Unido, enquanto outros simplesmente não apareceram.

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