Visita de assessor de Trump à Rússia aumenta expectativa de encontro com Putin

Kremlin confirma que conselheiro de segurança do americano, o linha-dura Bolton, vai a Moscou

Igor Gielow
Moscou

O Kremlin anunciou que o principal assessor de segurança de Donald Trump, John Bolton, visitará Moscou em breve, aumentando a expectativa de um encontro entre o presidente americano e seu colega russo, Vladimir Putin.

John Bolton com o presidente Donald Trump durante a cúpula do G7 no Canadá
John Bolton com o presidente Donald Trump durante a cúpula do G7 no Canadá - Saul Loeb - 9.jun.18/AFP

A visita de Bolton foi informada pelo porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, durante entrevista coletiva nesta quinta (21). Bolton é conhecido por ser um linha-dura e é considerado largamente responsável pela saída dos Estados Unidos do acordo multilateral para a suspensão do programa nuclear do Irã, em maio.

Bolton sempre foi um duro crítico de Putin. Já chamou o presidente de mentiroso por negar ter havido interferência de hackers russos na eleição de 2016, vencida por Trump, e incluiu a Rússia num reeditado eixo do mal de países que ameaçam os EUA.

Isso dito, com exceção do Irã e das disputas comerciais até aqui, a política externa de Trump tem se marcado por idas e vindas retóricas, como o caso da Coreia do Norte prova.

A relação com a Rússia é turbulenta. De uma expectativa de amizade renovada, dados elogios mútuos entre Trump e Putin antes da posse do americano, a situação azedou com a abertura de um inquérito para apurar se o presidente republicano foi favorecido pela alegada interferência russa por meio de ataques cibernéticos ao Partido Democrata, por exemplo.

Trump precisou endurecer seu discurso, visando o público interno. Aliou-se a países ocidentais que expulsaram diplomatas russos após a acusação britânica de que o Kremlin mandou envenenar o ex-espião Serguei Skripal e sua filha numa cidadezinha inglesa, em março. Por outro lado, defendeu a reintegração da Rússia ao G7, grupo dos países mais ricos do mundo, antes de deixar abruptamente a reunião sem assinar uma declaração conjunta.

Na semana passada, o jornal americano The Washington Post disse que uma cúpula entre Trump e Putin ocorrerá em algum ponto da Europa em julho. Peskov afirmou que não iria comentar essa possibilidade, muito aumentada com a visita preliminar de Bolton.

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