Acordo de migração põe em xeque coalizão de Angela Merkel

O ministro do Interior criticou negociação da chanceler com outros líderes da União Europeia

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Berlim | Financial Times

O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, criticou duramente o acordo de migração negociado pela chanceler Angela Merkel na semana passada com outros líderes da União Europeia, aumentando a crise política do país e gerando dúvidas sobre a permanência no poder da chefe de governo.

Segundo a imprensa alemã, o ministro disse, durante encontro do seu partido, a CSU (União Cristã-Social), que o acordo acertado na semana passada foi inadequado e que vai gerar um aumento da imigração, e não o contrário.

Na opinião dele, o plano da UE não é tão eficaz quanto a sua proposta de dar poder para a polícia da fronteira alemã de impedir a entrada no país de refugiados que foram registrados em outros países da União Europeia.

Angela Merkel em encontro de seu partido no domingo (1º) - Michael Kappeler /AFP

Merkel já sinalizou que vai demitir Seehofer caso ele queira colocar em prática a sua proposta.
Esse movimento, por sua vez, poderia significar o fim da coalizão entre a CSU e CDU (União Cristã-Democrata), da chanceler, colocando em risco a continuidade do governo.

Aos seus aliados o ministro do Interior disse que se reuniu com Merkel no sábado (30) à noite e que o encontro foi inútil e sem sentido.

Já a chanceler afirmou, em entrevista neste domingo (1º), que o acordo acertado em Bruxelas representou um avanço substancial na questão migratória.

“É claro que nós não resolvemos o problema, mas nunca prometi que isso seria obtido”, disse. “Mas, para ser bem sincera, duas semanas atrás eu não tinha certeza de que conseguiríamos o que obtivemos no encontro.”

Os líderes europeus chegaram na sexta (29) a um pacote de medidas para tentar conter a imigração ilegal no continente. Entre elas, estão a abertura de centros de acolhida e processamento de pedidos de asilo e a criação de “plataformas regionais de desembarque”, provavelmente na África, para onde os migrantes resgatados no Mediterrâneo poderiam ser enviados.

Em uma decisão para agradar Merkel, as lideranças europeias concordaram ainda em barrar a “migração secundária”, ou seja, pessoas que pedem asilo em um país diferente daquele em que elas ingressaram na União Europeia.

A questão da migração secundária está no centro da disputa entre Merkel e o seu ministro do Interior.
Seehofer deseja que esses refugiados sejam imediatamente impedidos de entrar na Alemanha. Merkel, por sua vez, diz que uma medida assim, unilateral, criaria um efeito dominó que colocaria em risco a unidade europeia.

A chanceler defende acordos bilaterais com outros países da União Europeia para colocar em prática a ideia de seu ministro para conter o fluxo de refugiados.

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