O governo brasileiro convocou nesta terça-feira (24) a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Martinez, para que ela preste esclarecimentos sobre o contexto em que se deu o assassinato de uma estudante brasileira no país.
Raynéia Gabrielle Lima, 31, foi atingida por disparos na noite de segunda (23), em meio à convulsão social que tomou conta de Manágua, capital do país da América Central.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, Martinez esteve na tarde desta terça no Palácio do Itamaraty, em Brasília, mas o governo ainda espera informações sobre a morte da brasileira e sobre a situação de violência pela qual passa o país.
O ministro Aloysio Nunes também pediu nesta terça que o embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe, venha ao Brasil para relatar a situação. Ainda não há previsão para a chegada de Villafañe em Brasília.
Em diplomacia, a convocação da embaixadora nicaraguense e o pedido para que o representante brasileiro retorne são um primeiro sinal de atrito entre os dois países.
Nunes tomou a decisão durante sua viagem a Joanesburgo, na África do Sul, onde participará da Cúpula dos Brics ao lado do presidente Michel Temer no final desta semana.
Mais cedo, o governo brasileiro cobrou explicações do governo de Daniel Ortega.
“Nós estamos cobrando do governo nicaraguense a apuração das responsabilidades pelo ocorrido e estamos também mobilizados para dar apoio à família e lidar com essa situação trágica que ocorreu hoje na Nicarágua”, afirmou Marcos Galvão, o número 2 do Itamaraty, em viagem ao México.
A Nicarágua vive desde abril uma onda de protestos pela saída de Ortega, os quais têm sido violentamente reprimidos, segundo organizações internacionais presentes no país.
Desde o início das manifestações, Manágua vive um toque de recolher informal após as 19h, em meio a vários relatos de pessoas assassinadas ou sequestradas por policiais e paramilitares do regime de Ortega.
O governo respondeu com violência aos manifestantes e ao menos 360 pessoas já foram mortas, a maior parte civis.
Ortega nega ter ligação com os grupos paramilitares que são acusados de serem os responsáveis pela maioria das mortes, apesar deles usarem bandeiras do partido do presidente, a Frente Sandinista de Libertação Nacional. Ele afirma que não pretende renunciar e que quer permanecer no cargo.
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