O caminho do Partido Democrata rumo à eleição presidencial de 2020 nos EUA pode parecer favorável.
O provável oponente é um mandatário polêmico e com aprovação relativamente baixa, e o país atualmente serve de cenário a grandes mobilizações populares por causas historicamente ligadas aos democratas, como controle de armas e imigração.
Mas a realidade é mais complexa, e a sigla, rachada desde a derrota de Hillary Clinton, 70, para o republicano Donald Trump, 72, em 2016, ainda junta os cacos e tenta se unir em torno de uma pauta e um nome competitivos para 2020.
No páreo estão candidatos dos dois polos da legenda: os progressistas, que a querem mais à esquerda e apostam na rejeição ao presidente; e os moderados e ligados ao establishment partidário, que preferem acenar a republicanos frustrados com Trump.
“O maior desafio dos democratas é resolver seus problemas”, diz John Zogby, fundador de um dos principais institutos de pesquisas dos EUA. “Há muita amargura ali.”
Não é uma tarefa fácil: a economia americana vai muito bem, e o desemprego está em níveis historicamente baixos. Trump tem o endosso da maioria dos eleitores republicanos e, apesar de colecionar desafetos, amealhou conquistas como a reforma tributária e as tratativas históricas com o norte-coreano Kim Jong-un.
Sua aprovação se estabilizou na casa dos 40%. “Eu não pintaria o mapa de azul”, afirma Zogby, em referência à cor dos democratas.
Do outro lado, o partido vive uma crise de identidade, como ilustrado pela vitória recente, nas primárias em Nova York, da novata Alexandria Ocasio-Cortez, 28, sobre o deputado veterano Joseph Crowley, 56, no posto há 20 anos.
Estreantes como ela têm mudado a cara da agremiação e forçado seus líderes a repensar estratégias.
“2020 é uma batalha pelo futuro do Partido Democrata”, escreveu há pouco o analista da Universidade da Virgínia Kyle Kondik. “Quando os democratas escolherem seu candidato presidencial, escolherão uma direção.”
Estão no páreo para a disputa, entre outros, o ex-vice-presidente (e mais moderado) Joe Biden, 75; a senadora (e progressista) Elizabeth Warren, 69, e o senador Sanders (à esquerda de todos).
Também são mencionados o ex-prefeito de Nova Orleans Mitch Landrieu (moderado), 57; o ex-governador de Massachusetts Deval Patrick (idem), 61; a senadora californiana (e progressista) Kamala Harris, 53; e a senadora de Nova York (também mais à esquerda) Kirsten Gillibrand, 51.
Nos últimos meses, segundo o site Politico, o ex-presidente Barack Obama usou seu escritório pessoal para ouvir e aconselhar alguns dos potenciais concorrentes. Por lá, já passaram Sanders, Warren, Biden, Landrieu e Patrick.
Obama não oferece endosso, mas aconselha: é preciso falar dos temas que interessam ao cidadão comum, como impostos, saúde, empregos e economia. “Ele é muito popular entre os democratas, sejam progressistas, sejam do establishment”, avalia Zogby. “O apoio dele será central.”
As eleições de novembro podem mudar parte do Congresso. O resultado deve ajudar a definir o rumo democrata em 2020.
Quem são os possíveis candidatos democratas em 2020
Kamala Harris, 53
Senadora progressista, a advogada da Califórnia tem mãe indiana e pai jamaicano
Joe Biden, 75
O ex-vice-presidente é conhecido do eleitor e próximo ao ex-presidente Barack Obama
Bernie Sanders, 76
O senador foi pré-candidato em 2016, amealhou grande apoio entre o eleitorado
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