EUA afirmam que 50 empresas vão sair do Irã para evitar sanções

Casa Branca faz ofensiva para isolar república islâmica após Trump deixar acordo nuclear

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Bandeira do Irã aparece à esquerda da imagem, enquanto chamas e fumaça preta saem de uma chaminé de uma plataforma de petróleo
Plataforma de produção de petróleo no golfo Pérsico, no Irã; EUA dizem que 50 empresas deixarão país devido a sanções - Raheb Homavandi - 25.jul.05/Reuters
Katrina Manson
Washington | Financial Times

O governo Trump disse que mais de 50 companhias internacionais indicaram que vão se retirar do Irã, enquanto Washington tenta ampliar a pressão global contra Teerã.

Grupos como os franceses Total e PSA (Peugeot e Citroën) e o alemão Siemens anunciaram que vão interromper seus negócios com o Irã por medo do impacto das sanções americanas —apesar de seus países de origem apoiarem a continuação de suas operações.

“Fomos claros com os países e as empresas de todo o mundo que estamos exercendo uma severa pressão econômica contra o Irã para que o regime mude suas políticas desestabilizadoras”, afirmou a repórteres na segunda-feira (2) Brian Hook, uma autoridade do Departamento de Estado que lidera a iniciativa para isolar o Irã.

Ele disse que muitas das empresas que estão saindo do país são dos setores energético e financeiro. Hook acrescentou que equipes do governo Trump já visitaram 13 países da Europa e da Ásia para “advertir os governos e o setor privado sobre os riscos de continuarem fazendo negócios com o Irã”.

Diplomatas ocidentais dizem que autoridades graduadas do governo Trump comparam a campanha dos EUA à pressão que o país fez contra a Coreia do Norte por causa de seu programa nuclear, o que, segundo a Casa Branca, levou Pyongyang à mesa de negociação

Donald Trump se retirou de um acordo nuclear multilateral com o Irã em maio, dizendo que os EUA não podiam aceitar o comportamento regional de Teerã, seu programa de mísseis balísticos ou o risco de que o país possa um dia ter uma arma nuclear. 

Os signatários europeus do acordo nuclear —Alemanha, França e Reino Unido— não conseguiram convencer o presidente americano a não descartar o acordo ou reimpor as sanções. Sua campanha para convencê-lo a conceder dispensas a empresas europeias que negociam com Teerã também se mostrou infrutífera até hoje. 

Como parte da retirada dos EUA, o governo Trump pretende reimpor em 4 de agosto as sanções antes suspensas que visam o comércio de carros, assim como de ouro e outros metais. Uma segunda onda de sanções que voltará a vigorar em 4 de novembro enfoca o petróleo e transações com o banco central do Irã. 

“Iremos aplicar agressivamente essas provisões para travar os ativos iranianos no exterior e negar ao regime iraniano o acesso a suas reservas de divisas”, disse Hook. “Não hesitaremos em agir quando virmos atividade sancionável.” 

Hook insistiu que os EUA querem reduzir as exportações iranianas de petróleo “a zero assim que possível” antes do prazo de 4 de novembro, acrescentando que Washington já está trabalhando com países numa base caso a caso. 

Mas muitos analistas de petróleo estão preocupados que a capacidade global total não seja suficiente para compensar a queda, caso Teerã deixe de exportar. O país é atualmente o terceiro maior produtor da Opep e enviou para o exterior mais de 2,4 milhões de barris por dia de petróleo cru no mês passado. Com base na experiência passada de sanções, muitos analistas acreditam que seria difícil reduzir as exportações iranianas em mais de 50%. 

Trump pediu que a Arábia Saudita aumente sua produção em até 2 milhões de barris/dia, mas a Casa Branca admitiu no fim de semana que Riad disse que só “confirmou” sua capacidade de produzir mais, e não prometeu fazê-lo. 

China, Rússia, Índia e Turquia estão entre os países que indicaram que provavelmente não cumprirão as sanções dos EUA. Indagado sobre sua reação geral às exigências de Washington, Hook disse apenas que esses países estão “cansados do terrorismo que o Irã está causando”. 

Enquanto isso, o presidente iraniano, Hasan Rowhani, está visitando países europeus nesta semana para reforçar o apoio ao acordo nuclear, com escalas na Suíça e na Áustria. 

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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