Justiça determina que russa fique presa enquanto espera julgamento

Procuradores citavam risco de fuga de Maria Butina, acusada de ser espiã

Maria Butina discursa durante ato pró-armas em Moscou (Rússia) - 21.abr.13/Associated Press
Washington | Associated Press e Reuters

Um juiz federal americano determinou nesta quarta-feira (18) que a suposta espiã russa Maria Butina, 29, fique presa enquanto espera julgamento por acusações de conspiração e de agir como um agente não registrado da Rússia, depois que procuradores argumentaram que ela tem relações com a inteligência russa e corria risco de fuga.

O Departamento de Justiça afirmou que Butina manteve contato com agentes de inteligência russos e possuía informações de contato de diversos agentes russos. 

Durante audiência em corte no distrito de Columbia, o procurador-chefe do caso mostrou uma foto de um encontro de Butina com um suposto agente russo em um restaurante em Washington, em março. 

O governo também apresentou cópia de uma nota escrita a mão, encontrada pelo FBI no apartamento de Butina, perguntando como responder a uma oferta de emprego por parte dos Serviços de Segurança da Rússia (FSB, sucessora da KGB).

Ao aparecer na audiência, a russa, graduada pela Universidade Americana, vestia um macacão laranja e não demonstrou emoções. 

"Não acreditamos que ela estivesse aqui apenas para frequentar a Universidade Americana", afirmou o procurador-chefe Erik Michael Kenerson.

Citando suas ligações de inteligência, o governo americano argumentou que Butina representa um "extremo" risco de fuga dos EUA, onde ela vive com um visto de estudante. Procuradores dizem que o status legal de Butina nos EUA é "baseado no fingimento".

Eles afirmam que imagens de câmeras de segurança da semana passada mostram que Butina estava planejando deixar o país. Seu contrato de aluguel termina neste mês, e suas bagagens estavam feitas quando ela foi presa no fim de semana.

Suas ligações pessoas, "com exceção dos americanos que ela tentou explorar e influenciar", são com a Rússia, afirma o documento. 

"A preocupação de que Butina representa um risco de fuga é aumentada por sua conexão com operativos de inteligência russos", escreveram os procuradores. 

O Ministério do Exterior russo disse que não há base para sua detenção e que a embaixada em Washington pediu uma reunião com Butina. 

Em nota divulgada após a audiência, seu advogado, Robert Driscoll, declarou que sua cliente é inocente.

"Com todo respeito à corte, discordamos do fato de que não há condições de libertação de um estudante inocente antes do julgamento."​

Os documentos disseram ainda que Butina viveu com um cidadão americano de 56 anos identificado como "Pessoa Americana 1" e teve um relacionamento com ele.

Essa pessoa a ajudou a terminar seu curso na Universidade Americana e era vista por Butina como "simplesmente um aspecto necessário de suas atividades". 

Em documentos apreendidos pelo FBI, Butina "reclamou de morar com a Pessoa Americana 1".

Procuradores creem que essa pessoa seja o ativista político conservador Paul Erickson, com quem Butina criou uma empresa em 2016 chamada Bridges LLC. 

Os procuradores afirmaram também que Butina era considerada com um agente secreto por uma autoridade russa com quem ela mantinha contato, com mensagens de texto descobertas pelo FBI indicando que a autoridade a comparava a Anna Chapman, russa que foi presa em 2010 e depois deportada como parte de uma troca de prisioneiros. 

Em março do ano passado, a autoridade escreveu: "Seus admiradores já estão pedindo seu autógrafo? Você ultrapassou Anna Chapman. Ela posa com pistolas de mentira, enquanto você  aparace com armas de verdade". 

Butina e a autoridade trocavam mensagens diretas no Twitter, segundo os procuradores. Em uma dessas mensagens, um mês antes das eleições americanas, Butina disse que "tudo tem de ser quieto e cuidadoso".

Em janeiro de 2017, ela enviou uma foto dela próximo ao Capitólio, no dia da posse de Donald Trump. A autoridade respondeu: "Você é ousada!". Butina então disse: "Bons professores!". 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.