Imperador japonês Akihito cancela compromissos em razão de 'anemia cerebral'

Soberano deve deixar o cargo em abril de 2019 após aprovação de nova lei que autoriza abdicação

Tóquio | AFP e Associated Press

O imperador japonês Akihito, 84, passou mal e teve de cancelar as atividades previstas para o dia, anunciou o governo nesta segunda-feira (2). O quadro foi chamado de "anemia cerebral" e teria sido causado por insuficiência de irrigação sanguínea no cérebro.

Nos últimos anos, Akihito tem enfrentado problemas de saúde, como um câncer de próstata, além de ter sido submetido a uma cirurgia cardíaca. O imperador deve deixar o cargo em abril de 2019, na primeira vez em 200 anos que um monarca abdica do seu posto no Japão. 

“Sua majestade, o imperador Akihito, sentiu-se repentinamente mal às 4h da manhã (18h de domingo, em Brasília), vítima de náuseas, tonturas e uma sudorese excessiva provocada por uma anemia cerebral”, disse o porta-voz do governo Yoshihide Suga. Segundo ele, o imperador “precisa de descanso” e deverá manter repouso.

A "anemia cerebral" é uma condição não descrita na literatura médica. Os sintomas listados pela Casa Imperial japonesa, entretanto, se assemelham aos de uma isquemia cerebral —também conhecido como AVC isquêmico– que acontece quando há obstrução da circulação sanguínea no cérebro.

Segundo a Agência da Casa Imperial, a imperatriz Michiko –mulher de Akihito– chamou o médico do palácio após encontrá-lo suando muito. O profissional continua monitorando a saúde do imperador.

Akihito, 125º imperador do Japão, reina desde janeiro de 1989. Em 2017, o primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, informou que ele deve deixar o cargo em 2019 em virtude de uma lei especial que o autoriza a abdicar. 

Em agosto de 2016, Akihito fez um raro pronunciamento pela televisão, no qual colocou em dúvida a sua capacidade de continuar cumprindo, “de corpo e alma”, as obrigações relacionadas à sua função de “símbolo do povo e da unidade da nação”. 

Essa declaração foi então interpretada como um desejo de abdicar a favor de seu primogênito, o príncipe Naruhito, 58. 

A possibilidade não estava contemplada na legislação sobre a casa imperial. Por isso, aprovou-se uma lei excepcional que lhe permite abdicar, mas que não se aplicará a seus sucessores.

No Japão, o imperador tem a função de assinar diversos textos de lei, tratados e outros documentos transmitidos pelo governo, acompanhar diversas recepções e receber representantes de Estado estrangeiros.

A princesa do Japão Mako de Akishino, 26, neta mais velha de Akihito, anunciou no mês passado que viajará ao Brasil em julho para celebrar os 110 anos da imigração japonesa ao país.

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