'Indústria' de indenização mira vítimas tardias do 11 de setembro em NY

Total de pessoas com doenças ligadas a ataques terroristas cresce sem parar

Danielle Brant
Nova York

Quase 17 anos após o 11 de Setembro em Nova York o número de vítimas com doenças associadas às toxinas geradas pela queda das Torres Gêmeas não para de crescer, assim como o interesse de advogados em busca de comissão e até de golpistas.

Em março, cerca de metade dos 86 mil inscritos no programa de saúde do World Trade Center tinha ao menos uma das condições relacionadas aos ataques, como problemas respiratórios (asma e sinusite), transtorno de estresse pós-traumático, depressão e câncer.

Em fevereiro de 2015, estatística mais antiga no site do programa, eram 33,6 mil com algum transtorno. O total de cadastrados era de 70,8 mil.

Ataque de 11 de setembro de 2001 em Nova York; cresce o número de pessoas com doenças ligadas ao caso
Ataque de 11 de setembro de 2001 em Nova York; cresce o número de pessoas com doenças ligadas ao caso - Henny Ray - 11.set.2001/AFP

A evolução dos casos ao longo dos anos criou uma indústria nos escritórios de advocacia. Na televisão e nos jornais, anúncios só fazem uma pergunta: ‘Você estava lá?”. Por lá, entenda-se o perímetro que começa ao sul da Canal Street e vai até o final da parte baixa de Manhattan.

Além de socorristas e voluntários, advogados miram sobreviventes, turistas, estudantes e outros que se encontravam na região no dia dos atentados —ou mesmo depois.

“O governo cometeu um erro, falou que ninguém precisava se preocupar, que o ar estava seguro, mas não estava. Tinha substâncias carcinogênicas”, diz advogado Michael Barasch, do escritório Barasch McGarry Salzman & Penson.

Conforme descobriu-se mais tarde, a poeira gerada pela queda das torres continha amianto, chumbo, metais pesados, gases venenosos e outras substâncias perigosas. Essas toxinas permaneceram no ar mesmo após os trabalhos de limpeza do local.

Hoje, qualquer pessoa que comprove que esteve no local entre 11 de setembro de 2001 e 30 de maio de 2002 por um determinado período de tempo e que tenha desenvolvido algum problema de saúde associado aos ataques tem direito a uma indenização.

Barasch tem 10 mil clientes que buscam esse ressarcimento. Ele cobra comissão de 10% sobre a indenização.

Os valores recebidos variam conforme a complexidade do caso e podem demorar até um ano para serem depositados, de acordo com o advogado Gregory J. Cannata, que representa mil clientes.

As maiores indenizações, segundo o advogado, vão para os casos mais graves ou para parentes de quem morreu em decorrência de alguma das doenças catalogadas.

O aumento dos casos também chamou a atenção de golpistas. O fundo afirma, em seu site, que está ciente de ligações sendo feitas por indivíduos desconhecidos.

Esses indivíduos perguntam sobre o status da reclamação da pessoa, afirmam que há direito à indenização e pedem informações pessoais para poder dar entrada com o pedido de ressarcimento.

Os responsáveis pelo fundo de compensação, que hoje conta com US$ 7 bilhões (R$ 27 bilhões), dizem ainda que não pedem números de cartões de crédito ou da seguridade social (espécie de CPF).

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