AMLO promete não criticar atual presidente mexicano até sua posse

Eleito inicia transição e recebe convite para participar de encontro da Aliança do Pacífico

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto (à esquerda), cumprimenta Andrés Manuel López Obrador, que será seu sucessor
O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto (à esq.), cumprimenta Andrés Manuel López Obrador, que será seu sucessor - AFP
Cidade do México

O primeiro dia de trabalho de Andrés Manuel López Obrador, 64, após a comemoração de sua eleição como presidente do México no último domingo (1º), começou com um encontro com o atual mandatário, Enrique Peña Nieto.

Segundo o presidente eleito, os principais temas foram a transição e questões econômicas. AMLO garantiu a Peña Nieto que não haverá críticas a seu governo até seu término, dia 1º de dezembro, enquanto o presidente se comprometeu em colaborar com o que for necessário para uma transição organizada.

Segundo AMLO, o encontro foi “amistoso” e voltou a elogiar Peña Nieto por não tê-lo atacado durante a campanha, algo que, segundo ele, aconteceu com os presidentes no cargo quando ele disputou em 2006 e em 2012 —em ambas eleições teve uma derrota apertada.

Um dos temas abordados foi a independência do banco central, que AMLO garantiu que continuará valendo. Ambos trataram também da participação do México nos tratados internacionais, mas o conteúdo não foi divulgado pelo presidente eleito na declaração à imprensa que deu após o encontro.

Peña Nieto convidou López Obrador para a próxima reunião da Aliança do Pacífico, no dia 24 de julho —encontro para o qual, aliás, foram convidados os países integrantes do Mercosul. Será o primeiro compromisso internacional do presidente eleito.

A Aliança do Pacífico é um bloco econômico formado por México, Chile, Peru e Colômbia.

López Obrador, que conversou na segunda-feira (2) com o presidente dos EUA, Donald Trump, acertou uma reunião com o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, que viria ao México para organizar o primeiro encontro entre os dois líderes e também para reunir-se com Peña Nieto e com o chanceler Luis Videgaray. O tema migratório deve ser uma das prioridades.

AMLO se reuniu também com Cuauhtémoc Cárdenas, uma liderança histórica da esquerda mexicana, ex-candidato a presidente, a quem pediu conselhos para a formação de gabinete. 

Filho de um ex-presidente histórico do México, Lázaro Cárdenas (1934-1940), Cuauhtémoc é um dos fundadores do PRD (Partido da Revolução Democrática), dissidência esquerdista do PRI (partido de Peña Nieto e que esteve no poder na maior parte dos últimos 90 anos), mas, mais que nada, uma personalidade política reverenciada entre os progressistas do país. A ideia era pedir conselhos para a formação do governo.
 
AMLO também reforçou que sua equipe de transição, que contará com prováveis futuros ministros, está definida. 

O grupo terá Carlos Urzúa, que será seu secretário de Fazenda para tratar de assuntos econômicos, o empresário Alfonso Romo, que cuidará de assuntos ligados à Presidência, Héctor Vasconcelos e Marcelo Ebrard, que serão responsáveis pelas relações internacionais, Olga Sánchez Cordero, também cotada para a Secretaria de Governo, e a coordenadora da campanha, Tatiana Coulthier. As comunicações seguirão a cargo de César Yánez.

Enquanto isso, a lenta contagem por todo o país seguia até a publicação desta reportagem. Se para o cargo principal já estão definidas as cifras, há muita disparidade nas contagens por Estado para governador e para as câmaras locais.

O certo é que o Morena (sigla de López Obrador) vem despontando como o partido vitorioso em quase todos os níveis e territórios.

Eleito com 53% dos votos (ou seja, 25 milhões), AMLO teve 4,9 milhões de votos a mais do que Peña Nieto há seis anos. E foi vitorioso na votação para presidente em 31 dos 32 estados do México, perdendo apenas em Guanajuato, onde venceu o PAN.

O PRI estaria confirmando nas próximas horas ou dias um encolhimento também histórico. Até a publicação desta reportagem, não havia garantido nenhum governo estadual (tinha 14) e perdido em bastiões históricos como Coahuila, Campeche, Estado de México e Hidalgo.

Os números devem estar próximos do resultado definitivo no final da semana, segundo o INE (órgão eleitoral).

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