Descrição de chapéu

Nem Fox News conseguiu fazer defesa absoluta da atuação de Trump com Putin

Encontro com líder russo foi criticado pela imprensa liberal, mas também por conservadores

Prédio com colunas de cor bege e envidraçado tem letreiro na parte de baixo da imagem, acima do nome da Fox News, cujas sete letras são colocadas cada uma em uma janela, com o padrão de comunicação da emissora.
Letreiro em prédio da Fox News em Nova York mostra notícias sobre o encontro do presidente dos EUA, Donald Trump, com o líder russo, Vladimir Putin - Lucas Jackson/Reuters

Donald Trump mal havia se despedido quando o apresentador da CNN Anderson Cooper apareceu na tela dando o tom do que seria a cobertura americana, a partir dali:

"Vocês assistiram a uma das performances mais infames [disgraceful] de um presidente americano numa cúpula, diante de um líder russo, que eu já vi."

Seguiram-se manchetes digitais como "Trump, do lado de Putin, questiona inteligência dos EUA sobre a eleição de 2016", no New York Times.

E se amontoaram textos de opinião, como o editorial do Washington Post, "Trump acabou de conspirar com a Rússia. Abertamente", e outros no mesmo jornal, com enunciados na linha "Se você trabalha para Trump, peça demissão agora" e "Trump está pagando Putin por ajudá-lo a ganhar a Presidência".

Para os mais exaltados, a palavra-chave veio do tuíte de um ex-diretor da CIA no governo Obama, John Brennan, que chamou a performance de "nada menos que traidora" [treasonous] e afirmou que o presidente dos EUA "está no bolso de Putin".

Entre aspas, citando o ex-diretor da CIA, "traidor" foi parar na manchete digital do Guardian, jornal londrino que tem grande parte de sua audiência nos EUA. As colunas de Thomas Friedman e Charles Blow no NYT também recorreram a variações do adjetivo.

Até aí, foram veículos mais ou menos ligados aos democratas. Mas também entre aqueles próximos dos republicanos houve quem sublinhasse o alinhamento de Trump a Putin contra os serviços americanos de inteligência.

A manchete do Drudge Report, por exemplo, foi "Putin domina em Helsinque". E apresentadores da Fox News, como Brit Hume, fizeram críticas contidas a Trump, ainda que se limitando ao Twitter e ao site do canal.

No ar, a Fox News continuou a defendê-lo, justificando sua aceitação da palavra do russo. No dizer do correspondente John Roberts, Trump não quis "estragar a relação" que desenvolveu com Putin "afirmando não acreditar nele". Outros atacavam o tuíte do ex-diretor da CIA.

E ainda nem havia começado a transmissão das duas entrevistas com Trump programadas pelo canal, pelos âncoras que mais o defendem, as estrelas Sean Hannity e Tucker Carlson.

 

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