Nova suspeita de envenenamento agita palco do caso do ex-espião russo

Casal foi encontrado em casa na região onde Serguei Skripal e sua filha foram envenenados

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Moscou | Associated Press e Reuters

Um homem e uma mulher de cerca de 40 anos foram encontrados inconscientes numa casa não muito distante do ponto em que foram envenenados o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha, em março. Foi declarado um “incidente sério” com suspeita de que o casal tenha sido exposto a alguma substância desconhecida.

No primeiro momento, contudo, não se sabe se houve algum crime ou se é um caso de overdose, por exemplo.

As vítimas foram identificadas por amigos à agência de notícias Associated Press como Charlie Rowley 45, e Dawn Sturgess, 44. Autoridades afirmaram que eles estão em estado grave.

Segundo a polícia disse em comunicado, uma série de lugares por onde o casal havia passado na noite de terça (3) foi isolado por medida de precaução.

A unidade da polícia de combate ao terrorismo foi chamada para o local e as autoridades disseram que não descartaram nenhuma hipótese, mas também não apresentaram nenhuma explicação para o ocorrido. 

Hospital de Salisbury, onde casal de 40 anos foi levado com suspeita de envenenamento
Hospital de Salisbury, onde casal de 40 anos foi levado com suspeita de envenenamento - Chris J Ratcliffe/AFP

Uma porta-voz da primeira-ministra Theresa May disse que ela está está sendo informada do caso e que o assunto está sendo tratado com seriedade.  

A dupla foi encontrada em Amesbury, cerca de 10 km ao norte de Salisbury, para onde foram levados para tratamento. Foi nessa cidade inglesa que Skripal e a filha foram envenenados há exatos quatro meses com o que o governo britânico disse ser o agente nervoso Novitchok.

Como o neurotóxico foi desenvolvido na Guerra Fria pelos soviéticos, o Reino Unido acabou acusando formalmente o Kremlin de tentar matar Skripal.

A acusação levou a uma crise diplomática na qual Rússia e diversos países ocidentais expulsaram mutuamente diplomatas, piorando uma relação que já vinha deteriorada desde a anexação da Crimeia da Ucrânia, aprovada por Moscou em 2014.

Um dos problemas da tese britânica é que não há provas concretas do interesse de Moscou em matar Skripal, ainda mais às vésperas da reeleição consagradora de Vladimir Putin e a poucos meses da Copa do Mundo da Rússia, que trouxe a atenção mundial ao país.

Além disso, havia aparentemente pouco o que Skripal pudesse saber de segredos: ele passou seis anos na cadeia na Rússia por vender nomes de agentes de seu país na Europa aos britânicos, e desde 2010 estava solto em uma troca de espiões entre Moscou e Washington.

Ele pode ter sido atacado por estar envolvido em algo ainda não conhecido, ou ainda por algum dos seus delatados. Para a Rússia, pode ter havido uma armação do serviço secreto britânico para demonizar ainda mais Putin. Desde que recebeu alta hospitalar, está em local desconhecido, sob proteção britânica. Sua filha, Iulia, também se recuperou e só fez declarações anódinas por escrito. 

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