Vídeo de segurança de Macron agredindo manifestantes gera crise na França

Oposição disse que governo demorou para responder ao caso e demitir Alexandre Benalla

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Madri

Em um dos mais graves desafios à gestão do presidente francês, Emmanuel Macron, um de seus seguranças foi interrogado nesta sexta-feira (20) devido à acusação de se disfarçar de policial e agredir manifestantes durante as manifestações de 1° de maio em Paris.

Alexandre Benalla, que trabalha para o líder centrista desde a sua campanha, foi flagrado em um vídeo divulgado pelo jornal Le Monde. Nas imagens, ele agarra e arrasta uma mulher pelo chão e pisa em um homem desarmado. Ele não poderia atuar daquela maneira, com o capacete da polícia, mas os demais agentes presentes não impediram a ação.

Políticos tanto de esquerda quanto de direita criticaram o presidente ​Macron. Eles disseram que, mesmo conhecendo o vídeo há meses, o Palácio do Eliseu não puniu Benalla. O ministro do interior, Gerard Collomb, conhecia o caso desde 2 de maio, afirma a imprensa francesa.

Apenas após o vídeo do Le Monde vir à tona o governo decidiu demitir o segurança, que já se entregou à polícia. A atitude, segundo a oposição, não condiz com o discurso de Macron de que ele está implementando uma nova política, depois de décadas de corrupção no país.

Isso faz com que sua imagem se deteriore ainda mais. Ele tem sido progressivamente descrito como um “presidente dos ricos”, como os seus antecessores.

O segurança Alexandre Benalla (esq.) ao lado de Emmanuel Macron em 2017
O segurança Alexandre Benalla (esq.) ao lado de Emmanuel Macron em 2017 - Christophe Archambaul - 17.jun.17/AFP

“Se aceitarmos que qualquer pessoa pode fingir ser um policial, nós não somos mais um Estado de direito”, afirmou o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, do partido França Insubmissa, que concorreu à Presidência em 2017.

 

Macron venceu aquele pleito com 66% dos votos no segundo turno, que disputou com a nacionalista de direita Marine Le Pen.

O Parlamento decidiu na quinta-feira (19) abrir um inquérito sobre o caso, investigando inclusive se a punição ao segurança foi muito leve e o fato de ele não ter sido imediatamente denunciado pelas autoridades à Justiça.

Benalla havia pedido autorização do governo para acompanhar as operações policiais no 1° de maio, mas não tinha permissão para participar da ação em si.

Mesmo após o Eliseu tomar conhecimento de sua conduta, ele foi visto no ônibus da seleção francesa nesta semana, após a vitória do time na Copa do Mundo da Rússia —o que foi considerado como um indício de sua familiaridade com as autoridades, depois de seu trabalho na campanha e na segurança diária de Macron.

Antes de seu emprego com o presidente, Benalla havia atuado também como motorista do então ministro da Indústria, Arnaud Montebourg, que afirmou ao Le Monde que o segurança foi demitido daquele cargo depois de se envolver em um acidente de carro e, em seguida, tentar fugir do local.

 


 

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