Acobertar abusos de menores é 'caca', diz papa

Francisco usou termo ao conversar com vítimas de sacerdotes na Irlanda, segundo participantes do encontro

Francisco chega a evento em estádio em Dublin, na Irlanda
Francisco chega a evento em estádio em Dublin, na Irlanda - AFP/L'Osservatore Romano
Dublin | Reuters e AFP

Em encontro com vítimas de abusos por parte de sacerdotes na Irlanda, o papa Francisco afirmou neste sábado (25), de acordo com presentes à reunião, que a corrupção e o acobertamento desse tipo de crime são como "caca" —termo em espanhol que se aproxima do sentido de "cagada".

O pontífice se reuniu por cerca de 1h30, na embaixada do Vaticano, com oito pessoas que foram abusadas por membros da Igreja Católica.

Em um comunicado, representantes do grupo "Survivors of Mother and Baby Homes" (em tradução livre, sobreviventes de abrigos da Igreja para mães solteiras, onde as mulheres e seus bebês sofriam maus-tratos) disseram que, após Francisco ter usado a palavra "caca", seu tradutor explicou que se tratava literalmente "de sujeira que se vê no vaso sanitário".

Um porta-voz do Vaticano não quis comentar sobre detalhes do que foi dito no encontro, mas um funcionário ouvido pela Reuters afirmou que não se surpreenderia se o papa tivesse mesmo usado essa expressão.

Mais cedo, em um discurso público, Francisco declarou que não podia deixar de reconhecer "o grave escândalo causado na Irlanda pelo abuso de jovens por membros da Igreja que deveriam responder por sua proteção e educação".

Sua 24ª viagem ao exterior ocorre em um momento muito sensível para a Igreja Católica, abalada na semana passada pelas revelações de abusos sexuais cometidos no passado nos Estados Unidos e por uma série de recentes afastamentos de religiosos suspeitos de fazer cumprir a lei do silêncio no Chile, na Austrália e nos Estados Unidos.

Desde 2002, mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de abusos sexuais por padres na Irlanda. Esses episódios abalaram a imagem do catolicismo no país, que nos últimos três anos aprovou, por meio de referendo, o aborto e o casamento gay, contrariando a Igreja.

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