Avião da Aeroméxico não decolou antes de acidente, diz investigação

Grupo avalia se fenômeno climático pode ter causado acidente; ninguém morreu

Destroços do avião aparecem em meio à mata pouco depois da pista do lado esquerdo. Há uma segunda pista que aparece do lado direito.
Foto aérea mostra, à esquerda, os destroços do Embraer E190 envolvido no acidente ao tentar decolar do aeroporto de Durango, no norte do México, nesta terça-feira (31) - Kevin Alcantar/Kevin Alcantar Drones Durango/AFO
Cidade do México | AFP, Associated Press e Reuters

A Secretaria de Transportes do México informou nesta quarta-feira (1º) que o avião da Aeroméxico que se envolveu em um acidente no aeroporto de Durango, no norte do país, na tarde de terça-feira (31), não chegou a decolar.

O Embraer E190 levava 99 passageiros e quatro tripulantes e se incendiou em uma área descampada ao lado do terminal. Todos os ocupantes sobreviveram e nenhum deles corre mais risco de morrer.

O diretor de Aviação Civil da secretaria, Luis Gerardo Fonseca, disse que a aeronave sofreu algum problema não identificado que o impediu de ganhar altura e avançou 300 metros do fim da pista do aeroporto em alta velocidade.

Esse, de acordo com Fonseca, foi o motivo pelo qual a fuselagem se partiu e pegou fogo e os motores se desprenderam. Na sequência, ele diz que a tripulação seguiu o procedimento padrão de esvaziamento do aparelho.

Pelas imagens feitas por um dos passageiros, é possível presumir que pelo menos o trem de pouso dianteiro deixa o solo. O Embraer aparenta voar por alguns metros até se acidentar.

Mais cedo, Fonseca afirmara que os investigadores analisam a possibilidade de que uma microexplosão tenha provocado o acidente, fenômeno climático que consiste na formação de nuvens carregadas de ar, granizo e água, com ventos de até 120 km/h.

Embora raras, rajadas extremamente violentas e localizadas podem causar danos até nos aviões mais modernos, especialmente durante o pouso e a decolagem, quando as aeronaves estão mais vulneráveis a mudanças súbitas nas condições climáticas.

O operador do aeroporto de Durango já havia atribuído a queda ao tempo ruim. A investigação também é acompanhada por representantes da Embraer e da GE, montadora dos motores, e da agência de aviação civil dos EUA.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Durango, 64 dos 85 sobreviventes feridos já deixaram o hospital. Os feridos em estado mais grave foram o piloto, Carlos Galván, que sofreu lesão na coluna cervical, e uma menina de oito anos que tem queimaduras em 25% do corpo. Ambos estão conscientes após passarem por cirurgias e não correm risco de morrer.

O especialista em segurança na aviação Adrian Young, da consultoria holandesa To70, afirma que passageiros em acidentes como esse têm maiores chances de sobreviver devido a um melhor padrão de segurança e de construção.

Young afirma que os índices de sobrevivência em acidentes "estão maiores do que eles costumavam ser" em parte porque "os aviões estão mais fortes do que nunca".

É menos provável agora, segundo ele, que pessoas fiquem presas em assentos ou pisos colapsados, especialmente se o avião parar mais ou menos nivelado e se o acidente ocorrer em um terreno plano, como foi o caso mexicano.

Outros avanços nas últimas décadas na construção das aeronaves incluem materiais internos que queimam mais lentamente e não liberam gases tóxicos e um melhor padrão de construção de aeroportos que eliminam obstáculos perto das pistas.

O especialista lembrou, porém, que "sorte é crucial em qualquer acidente".

A ausência de mortes evoca um acidente ocorrido em 2008, envolvendo um Boeing 777 da British Airways que caiu próximo à pista do aeroporto de Heathrow, em Londres —todos os 152 a bordo sobreviveram.

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