Bispos dos EUA defendem investigação de abuso por Vaticano

Organização diz que problema é fruto de falhas na supervisão episcopal

O cardeal Theodore McCarrick reza durante encontro anual da Conferência Nacional dos Bispos Católicos dos EUA, em Baltimore - Patrick Semansky -14.nov.11/Associated Press
Reuters

A organização que representa os bispos da Igreja Católica dos EUA defendeu nesta quinta-feira (16) que os abusos apontados no estado da Pensilvânia sejam investigados pelo próprio Vaticano, com a ajuda de investigadores leigos.

O relatório, apresentado nesta terça pela Suprema Corte do estado, apontou que 300 "padres predadores" abusaram de mais de mil crianças por décadas, acobertados pela igreja. O cardeal de Washington Theodore McCarrick, que antes atuava na Pensilvânia, renunciou no mês passado diante da iminente publicação das denúncias.

"Quaisquer sejam os detalhes a respeito do arcebispo McCarrick sobre os muitos abusos na Pensilvânia (ou em qualquer outro lugar), já sabemos que um dos problemas é a falha da liderança episcopal", disse o cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos Católicos dos EUA, em nota. 

A organização disse que vai criar novas formas para que vítimas reportem os abusos e para que as denúncias sejam investigadas sem interferência por bispos que supervisionem os acusados. 

Denúncias similares já emergiram na Europa, na Austrália, no Chile e nos próprios EUA, levando a processos judiciais, provocando a falência de arquidioceses e diminuindo a autoridade moral da liderança da Igreja Católica, que tem cerca de 1,2 bilhão de membros ao redor do mundo.

Um grupo católico que atende vítimas de abuso expressou preocupação com o novo processo de denúncias.

"Tomo tudo com um grão imenso de sal, mas essa é a declaração mais forte de que posso me lembrar envolvendo autoridades de segurança e leigos", disse Nick Ingala, porta-voz do Voice of the Faithful. 

Para ele, seria crucial que qualquer processo seja independente da influência clerical, mas acrescentou: "Não sei como eles vão fazer isso". 

O Vaticano ainda não comentou publicamente sobre as denúncias na Pensilvânia. 

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