Descrição de chapéu Governo Trump

Forasteiros derrotam candidatos tradicionais em primárias nos EUA

Embalados por Trump e socialistas, nomes inéditos nas cédulas disputarão governos e Congresso

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Washington

Apoiados por Donald Trump ou Bernie Sanders, candidatos com discursos mais radical e sem vínculo com as cúpulas dos partidos nem com a carreira política tradicional têm imposto derrotas ao establishment político nas primárias para as eleições de novembro nos EUA.

Nesta fase, os eleitores de 36 estados escolhem um candidato de cada partido para concorrer ao governo estadual. Também definem democratas e republicanos que terão nome na cédula nas eleições para renovar o Congresso.

Os resultados de terça (28) na Flórida são ilustrativos.

O prefeito de Tallahassee, Andrew Gillum, ligado à ala à mais esquerda do Partido Democrata, derrotou a ex-deputada Gwen Graham, a preferida de líderes do partido e pesquisas, e pode virar o primeiro governador negro do estado.

Do lado republicano, saiu vitorioso Ron DeSantis, ex-conselheiro jurídico dos Seals da Marinha no Iraque apoiado por Trump. Derrotou Adam Putnam, que cumpriu cinco mandatos no Congresso, por 20 pontos percentuais.

No vídeo de campanha narrado por sua mulher, a apresentadora de TV Casey DeSantis, o republicano aparece brincando de montar um muro com a filha e lendo “A Arte da Negociação”, de Trump, para o filho mais novo.

“É uma tendência”, diz Ken Kollman, professor de ciências políticas da Universidade de Michigan, sobre a vitória daqueles descolados da classe política tradicional. “Mas acho que, no geral, haverá uma mistura de candidatos do establishment e outsiders.”

A onda antiestablishment, da qual Trump é o expoente maior, chegou a outros estados nas prévias para governador, senador e deputado.

Na Califórnia, disputará o governo pelos republicanos o empresário John Cox, outro pupilo do presidente, cujo discurso enfatiza não ser “parte da classe política”, que “troca favores, enriquece e deixa os californianos para trás”.

Bill Lee, candidato a governador do Tennessee, também se descreve como forasteiro. O empresário superou Diane Black, deputada eleita em 2010 que contava com o apoio do vice-presidente, Mike Pence, por mais de 10 pontos.

Alguns aspirantes a uma vaga no Congresso mantém posições mais radicais à direita. É o caso de Corey Stewart, que disputa uma vaga no Senado pela Virgínia e tem ligação com grupos racistas organizados, e de Mark Harris, ministro da igreja Batista que se opõe ao casamento gay. Ambos venceram candidatos moderados apoiados pelos líderes republicanos veteranos.

Entre os democratas, Ben Jealous, ex-diretor da NAACP (associação nacional para o progresso das pessoas de cor) e aliado de Bernie Sanders, ganhou o pleito para concorrer a governador em Maryland, para a alegria da ala do partido que se declara socialista.

É desse grupo que faz parte a nova queridinha dos progressistas Alexandria Ocasio-Cortez, candidata a deputada pelo partido Democrata em Nova York. Com 28 anos, a ativista deixou para trás em junho Joseph Crowley, que está na Câmara desde 1999.

O candidato democrata que vai disputar a vaga para o governo de Nova York será definido em setembro entre a atriz Cynthia Nixon (a Miranda de “Sex and the City”), que concorre pela ala socialista, e o atual governador Andrew Cuomo, um decano.

Em debate na quarta (29), os dois trocaram ataques entre discussões em torno de Trump. Pesquisas mostram que Cuomo leva vantagem de 30 pontos percentuais por ora.

“Trump será o protagonista ersonagem principal de qualquer primária, em qualquer parte do país”, diz Kollman.

Na região central do país, no Nebraska, despontou a novata Kara Eastman, aspirante a deputada, que defende a descriminalização da maconha e o aumento de impostos para empresas e para a parcela mais rica da população. Ela dirigia uma organização para promoção da saúde infantil.

Para Kollman, os candidatos não alinhados à classe política tradicional enfrentarão desafios específicos.

Atrair pessoas que não são engajadas politicamente, mas estão motivadas pela situação política atual, será um deles, e financiamento pode ser outro —a menos para candidatos ricos ou experts em arrecadar dinheiro em vaquinhas, caso de muitos na lista.

Outro obstáculo é, ao tentarem superar oponentes conhecidos do eleitorado, serem vistos como um risco pelos eleitores que põe desconfiam do discurso mais radical.

Afinal, diz Meri Long, do departamento de ciências políticas da Universidade de Pittsburgh, apesar da insatisfação com os políticos, candidatos tradicionais ainda têm bastante sucesso.

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