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Forte de veraneio de líderes franceses será palco de encontro entre Macron e May

Presidente passa 15 dias de férias em Brégançon, fortaleza no sul da França

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Vista do forte de Brégançon, em Bormes-les-Mimosas, na França - Jean-Paul Pelissier - 9.set.2010/Reuters
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Com o "brexit" na agenda, o presidente francês, Emmanuel Macron, se reúne nesta sexta-feira (3) com a primeira-ministra britânica, Theresa May. Depois, Macron oferece um jantar a Theresa e ao marido, Philip May, que encurtaram as férias em Itália para o encontro.

A recepção à primeira-ministra marca o início de duas semanas de uma presidência em modo mais distendido. Ou pelo menos é esse o objetivo.

Macron troca o Eliseu por 15 dias de férias no forte de Brégançon. Depois de um ano "realmente intenso", o presidente "vai descansar enquanto continua a trabalhar num ambiente calmo", explicou uma fonte da sua equipa à AFP.

Em maio, depois de o casal presidencial passar uns dias no forte, soube-se dos planos de construção de uma piscina. A controvérsia rapidamente fez o seu caminho, mas Macron alegou que o investimento de 34 mil euros (R$ 146 mil) poupa no futuro em medidas adicionais de segurança com as deslocações à praia.

"Para Emmanuel Macron, um presidente em trabalho está no Eliseu e um presidente de férias está em Brégançon", comenta o jornalista Guillaume Daret, que acaba de publicar um livro sobre o forte e a sua utilização pelos presidentes de França.

A construção militar, de longa história, passou para o Estado com a revolução de 1789, mas foi alugado no século 20 e só em 1963 é que os arrendatários desocuparam o forte.

O presidente francês, Emmanuel Macron, cumprimenta público da janela de seu carro ao chegar ao forte de Brégançon, na França - Boris Horvat/AFP

Mosquitos e cama curta

No ano seguinte, Charles de Gaulle, em deslocação para as comemorações do desembarque da Segunda Guerra Mundial, torna-se o primeiro presidente a dormir no forte. A noite ficou também para a história porque a cama era pequena para a altura do general e os mosquitos não lhe deram descanso.

Escusado será dizer que não voltou ao forte com vista privilegiada para outras três ilhas no Mediterrâneo, e situado em Bormes-les-Mimosas, a meio caminho entre Marselha e Nice.

Georges Pompidou, Valéry Giscard D'Estaing e Jacques Chirac foram os presidentes que mais gostaram do espaço.

Pompidou recebeu ali o então líder da União Soviética Leonid Brejnev. A mulher, Claude, redecorou o espaço, e o casal ali passava fins de semana, quer de verão quer de inverno.

Giscard D'Estaing passava as férias em Brégançon, onde praticava tênis e vela. Foi responsável por várias obras de melhora. Em 1976, convidou o então primeiro-ministro Jacques Chirac, e da reunião no forte terá saído o divórcio entre ambos.

Jacques Chirac foi outro adepto do rochedo. O presidente não só era utilizador frequente do forte mas também se deslocava a Bormes-les-Mimosas. A ida à missa fazia parte da sua agenda, e o pároco local foi visita no forte.

Outras visitas que ficaram para a história na era Chirac foram as do presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, ou do governo de Dominique de Villepin, para um fim de semana de trabalho.

O então presidente francês, Nicolas Sarkozy, passeia de bicicleta próximo ao frote de Brégançon, na França - Bertrand Langlois - 17.jul.11/AFP

O presidente vai nu

De Chirac fica ainda a curiosa história de ter sido fotografado só de binóculos, isto é, sem qualquer peça de roupa, por quatro paparazzi. Estes, no entanto, concordaram em não vender as imagens.

Do seu antecessor, François Mitterrand, diz-se que detestava o local. Não só porque não tinha espaço para os seus passeios a pé, mas também porque preferia o sudoeste de França. Não passou férias no local, mas recebeu o premiê alemão, Helmut Kohl, e o primeiro-ministro irlandês, Garret FitzGerald.

Ainda assim, Brégançon fica intimamente ligado à sua história. A última conferência de imprensa enquanto chefe de Estado foi ali realizada, em abril de 1995, a um mês do fim de suas funções, com o objetivo de desmentir os rumores sobre seu estado de saúde. Acabou por morrer em janeiro do ano seguinte.

O então presidente francês, François Hollande (esq) passei no forte Brésançon com sua companheira, Valerie Trierweiler - Boris Horvat - 3.ago.12/AFP

Prisioneiro da república

Também Nicolas Sarkozy e François Hollande, por outras razões, não gostaram do local. Em 2007, Sarkozy ainda gozava do estado de graça e recebeu um pequeno banho de multidão quando foi correr. Em 2011, já sem Cécilia, mas com uma Carla Bruni grávida, o presidente passa uns dias no forte. No entanto, dão prioridade à casa da família de Bruni, a poucos quilômetros de distância e onde gozavam de mais privacidade.

No que respeita a trabalho presidencial, Sarkozy recebeu a secretária de Estado norte-americana Condoleeza Rice, em 2008, e presidiu a um Conselho de Ministros em 2010.

Por fim, o "presidente normal", como se autodenominou Hollande, passou uns dias de férias em 2012 com Valérie Trierweiler.

No entanto, desabafou que se sentiu "prisioneiro da República", segundo conta o jornalista Guillaume Daret. De tal forma que entregou as chaves do forte ao Centro de Museus Nacionais, para que o público possa visitá-lo.

Ainda assim voltou ao forte, em 2014, para uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro Manuel Valls.

Ligação portuguesa

Além de helicóptero, a ilhota é acessível apenas por uma estreita passagem artificial e por território luxemburguês. É que em 1949 o pequeno Estado do centro da Europa se tornou dono da propriedade vizinha. A grã-duquesa Carlota, filha da portuguesa Maria Ana de Bragança, é a primeira a usufruir da residência de verão ducal.

Hoje em dia, durante as férias do grão-duque Henri, o acesso à praia é limitado por razões de segurança, uma medida que não agrada a todos.

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