Em meio à tensão entre Estados Unidos e China, os americanos mostram-se menos favoráveis ao país asiático do que há um ano e mais preocupados com o risco de ciberataques e atritos comerciais entre as duas potências.
A tendência é radiografada por um novo estudo do Pew Research Center, centro de pesquisas norte-americano, divulgado nesta terça (28). Foi realizado com 1.500 pessoas em maio e junho deste ano.
De 2017 para 2018, a porcentagem de americanos com opiniões favoráveis à China diminuiu de 44% para 38%. Aqueles que olham para o país asiático com bons olhos são minoria desde 2013, não ultrapassando 44% do total nas pesquisas dos últimos cinco anos.
Quanto mais velho o entrevistado, maior a desconfiança em relação à China: A avaliação positiva entre os que têm de 18 a 29 anos chega a 49%, acima dos grupos entre 30 e 49 anos (37%) e com mais de 50 anos (34%).
"A visão dos americanos sobre a China depende do estado da relação econômica entre os dois países", diz Jacob Poushter, pesquisador do Pew Research Center.
Os governo de Donald Trump anunciou nos últimos meses a imposição de sobretaxas às importações chinesas.
Primeiro, determinou uma sobretaxa de 25% sobre US$ 34 bilhões (em torno de R$ 128 bilhões) em produtos da China. Em seguida, mais 25% sobre US$ 16 bilhões (cerca de R$ 65 bilhões). Uma nova sobretaxa de 25% sobre US$ 200 bilhões (R$ 750 bilhões, em média) está em discussão.
A dívida dos Estados Unidos com Pequim (principais detentores de seus títulos), o risco de ciberataques e o impacto das políticas chinesas no ambiente são vistos como as questões que mais desgastam o relacionamento entre os dois países.
A preocupação com o déficit comercial americano e ataques cibernéticos tiveram um ligeiro aumento em um ano: quatro e três pontos percentuais, respectivamente. A preocupação com este último tema cresce desde 2012.
Por outro lado, os americanos estão menos receosos com a possibilidade de perder empregos para chineses, tema trazido à tona com frequência pelo presidente Donald Trump desde que era candidato. De 2017 para 2018, a avaliação do nível de gravidade do problema diminuiu dois pontos percentuais.
Indagados na pesquisa se consideram o poder militar ou o potencial econômico do país asiático mais preocupante, 58% dos americanos escolheram se disseram preocupados, aumento de seis pontos percentuais em comparação com 2017.
Republicanos e democratas têm avaliações diferentes dos problemas abordados na pesquisa. Os primeiros consideram que questões comerciais são mais graves, enquanto o outro grupo partidário dá mais atenção para o impacto do crescimento chinês no ambiente.
O nível de receio dos americanos com déficit comercial, empregos e dívida externa já foi pior, no entanto. O pior patamar foi registrado em 2012. Desde então, seguia em trajetória de queda.
"Foi ano de eleição presidencial e houve muita discussão sobre China e dívida durante a campanha, o que pode ter aumentado o receio dos americanos", diz Poushter.
Poushter diz que não há como prever o que acontecerá nos próximos anos. Mas diz acreditar que mudanças na economia e eventuais ataques cibernéticos podem afetar a percepção dos entrevistados sobre a China.
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