Itália quer fim de concessão e multas a operadora de ponte que desabou

Saldo de mortes de desastre em Gênova chega a 39; equipes buscam sobreviventes

Milão | Reuters

A operadora da ponte que desabou em Gênova, no norte da Itália, matando ao menos 39 pessoas e feriu 16, afirmou nesta quarta-feira (15) que realizou checagens regulares e sofisticadas na estrutura da construção antes do desastre desta terça e que elas apresentaram bons resultados.

"Ao avaliar o estado da ponte e a eficácia dos sistemas de controle adotados, os técnicos da companhia contaram com companhias e instituições que são líderes mundiais em testes e inspeções baseados nas melhores práticas internacionais", afirmou nota da Autostrade, uma unidade do grupo Atlantia, baseado em Milão.

As condições da ponte e sua capacidade de aguentar constantes aumentos em intensidade e peso do tráfego ao longo dos anos foram um dos focos do debate após o colapso, quando um trecho de 80 metros da construção sucumbiu no horário do almoço. 

O vice-premiê e ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, afirmou que a operadora ganhou "bilhões" de pedágios mas "não gastou o dinheiro como deveria" e que, portanto, a concessão deveria ser revogada. 

"Impor a maior penalidade possível e garantir que aqueles responsáveis pelos mortos e feridos paguem pelos danos e crimes é o mínimo", afirmou. 

O ministro dos Transportes, Danilo Toninello, disse que deu início ao processo de perda de concessão e exigiu que os administradores da Autostrade renunciem.

"A Autostrade per l'Italia não foi capaz de cumprir com suas obrigações sob o contrato que regula a administração da infraestrutura", disse Toninelli, acrescentando que buscará a aplicação de multas pesadas contra a companhia. 

O porta-voz do corpo de bombeiros, Luca Cari, disse que 400 homens estão no local, levantando grandes pedaços de concreto para criar espaço para que as equipes de resgate busquem sobreviventes.

"Dei permissão a meu ministério para começar os procedimentos para aplicar o contrato, ou seja, revogar a concessão e buscar sanções significativas, que podem alcançar 150 milhões de euros [R$ 656 milhões] com base nos termos do contrato", disse Toninelli.

A Ponte Morandi, assim chamada pelo engenheiro que a desenhou, faz parte da rodovia A10, administrada pela Autostrade. 

"O alto comando da Autostrade deve renunciar, em primeiro lugar", afirmou nas redes sociais.

O ministro afirmou ainda que a operadora vai ter de contribuir para os custos de reconstrução da estrutura. ​

O papa Francisco rezou nesta quarta pelas vítimas do desabamento. "Envio um pensamento especial às vítimas da tragédia ocorrida ontem em Gênova", afirmou. 

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