Milhares protestam contra demissão de médicos que trataram manifestantes na Nicarágua

Protesto paralelo convocado pelo governo reúne outros milhares na capital

Manifestante da oposição segura cartaz que diz "chega de presos" em protesto em Manágua (Nicarágua) - Marvin Recinos/AFP
Manágua | AFP

Milhares de nicaraguenses protestaram neste sábado (4) em apoio a médicos demitidos pelo governo por atender manifestantes feridos em protestos que já deixaram 317 mortos e ao menos 2 mil feridos. 

"Basta de abusos" e "São médicos, não terroristas", gritavam os manifestantes, que percorreram 4 km entre a capital, Manágua, e o reduto da oposição, Masaya.

Em outro ponto da capital, outras milhares de pessoas se reuniram diante da sede da Universidade Centroamericana, convocadas pelo governo para reclamar "justiça para as vítimas do terrorismo". 

Por temor a represálias, muitos dos manifestantes que defenderam os médicos levavam os rostos cobertos por panos ou máscara. 

Cerca de uma centena de médicos foi demitida de hospitais públicos em várias cidades do país após prestar atendimento aos feridos nos protestos. A prática foi confirmada em relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA, divulgado nesta semana.

As manifestações começaram em 18 de abril contra uma reforma da previdência e acabaram se transformado em um pedido pela renúncia do presidente Daniel Ortega e de sua mulher e vice, Rosario Murillo. 

"É um horror. É criminoso negar acesso aos serviços de saúde e que os hospitais se tornem prisão e braço da repressão", afirmou a ex-ministra da Saúde Lea Guido, lembrando que muitos estavam feridos a bala. 

A dissidente sandinista Mónica Baltodano qualificou de "barbárie" as ações do governo. 

Segundo ela, Ortega "deu ordens aos diretores dos hospitais de não atender a manifestante e agora está pedindo a lista dos feridos para persegui-los. É gravíssimo." 

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