O ex-primeiro-ministro indiano Atal Bihari Vajpayee, que ordenou testes com armas nucleares para tornar a Índia uma potência e viajou de ônibus ao Paquistão em um importante gesto diplomático, morreu aos 93 anos nesta quinta-feira (16), segundo um comunicado do hospital onde ele estava internado. 

Político e poeta, ele foi um dos líderes mais populares do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), do atual primeiro-ministro, Narendra Modi.

Diferentemente de Modi, criticado por ser uma figura polarizadora, Vajpayee foi a face moderada do nacionalismo hindu, admirado até por importantes adversários políticos. 

O atual premiê disse que a liderança de Vajpayee pôs a Índia no caminho do rápido crescimento. "Foi a liderança exemplar de Atal Ji que depositou as bases para uma Índia forte, próspera e inclusiva no século 21", afirmou Modi.

Vajpayee serviu como primeiro-ministro brevemente em 1996 e depois novamente de 1998 a 2004.

"O ex-primeiro-ministro Atal Bihari Vajpayee era amado e respeitado por milhões de pessoas. Minhas condolências a sua família e a todos os seus admiradores. Sentiremos sua falta", disse o presidente do Partido do Congresso, de oposição, Rahul Gandhi.

Vajpayee foi um dos poucos líderes do BJP que manifestou tristeza quando centenas de muçulmanos foram mortos em tumultos em 2002, no Estado ocidental de Gujarat, que Modi governava.

Vajpayee disse também que a destruição de uma mesquita do século 16 em um local disputado por fanáticos hindus, em 1992, foi o momento mais sombrio da Índia.

No entanto, ele também defendeu uma campanha hindu para a construção de um templo no local.

Vajpayee sofreu um derrame em 2009 e se retirou da vida pública. Líderes do BJP estavam reunidos em sua casa em Nova Déli para prestar homenagens.

Como primeiro-ministro, Vajpayee não tinha medo de assumir riscos. Ele deu a aprovação para testes nucleares subterrâneos em 1998, por acreditar que as armas nucleares seriam um fator de dissuasão contra a China e o Paquistão.

O Paquistão respondeu com seis testes próprios, o que modificou para sempre a segurança na Ásia meridional e lançou os dois países em uma corrida para acumular armas.

Mas um ano depois Vajpayee viajou no primeiro ônibus de um novo serviço entre Déli e a cidade paquistanesa de Lahore, em uma rara viagem de um premiê indiano para formar laços com o país vizinho.