ONU e Gana lamentam a morte de Kofi Annan; veja repercussão

'Ele combinou o realismo indispensável ao cargo com o idealismo dos batalhadores da paz', diz Amorim

Moscou, Accra, Genebra, Brasília e São Paulo | Reuters, Associated Press e AFP

Líderes mundiais se pronunciaram sobre a morte de Koffi Annan, neste sábado (18), aos 80 anos.

"Kofi Annan foi uma força orientadora para o bem", afirmou o atual secretário-geral da ONU, o português António Guterres. "É com profunda tristeza que fiquei sabendo de sua morte. De muitas maneiras, Kofi Annan foi a Organização das Nações Unidas. Ele subiu nas fileiras para liderar a organização no novo milênio com inigualável dignidade e determinação." 

Já o presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, afirmou que Kofi Annan representa um imenso orgulho para o país.

"Diplomata consumado e altamente respeitado ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan foi o primeiro da África Subsaariana a ocupar essa exaltada posição. Ele trouxe considerável renome ao nosso país por essa posição e por sua conduta e comportamento na arena global ", disse. 

"Ele acreditava ardorosamente na capacidade do ganense de traçar seu próprio curso no caminho do progresso e da prosperidade."

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também se pronunciou: "Entristece-me a notícia da morte de Kofi Annan. Era um homem de Estado excepcional a serviço da comunidade mundial". O ex-presidente americano Barack Obama (2009-17), lembrou do otimismo de Annan, a seu ver "a personificação da missão da ONU" como poucos.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que Annan "dedicou sua vida a fazer do mundo um lugar mais pacífico e unido" e que "o maior reconhecimento que podemos fazer é preservar seu legado e seu espírito".

Muitos dos líderes se manifestaram por seus canais em redes sociais, como os presidentes da França,  Emmanuel Macron ("Não esqueceremos jamais o seu olhar tranquilo e decidido, nem a força de suas lutas") e da Espanha, Pedro Sánchez ("Hoje perdemos um grande humanista. Kofi Annan nos deixa (...), mas ficamos com seu legado para continuar trabalhando pela paz, segurança e para reforçar a defesa dos Direitos Humanos").

Michelle Bachelet , ex-presidente do Chile , que foi designada neste mês como alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, também tuitou: "Envio minhas condolências aos familiares e amigos de Kofi Annan, que sempre lutou pela igualdade de direitos e oportunidades das pessoas".

O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim (2003-11), que mantinha relação pessoal com Annan desde a época que foi embaixador do Brasil junto a ONU, lamentou a morte do colega e se lembrou das conversas dos dois sobre o Iraque e sobre questões regionais na Colômbia e na Venezuela, além do envolvimento do secretário-geral no combate à fome e à pobreza.

“Guardo dele a imagem de um homem de Estado dedicado à paz e ao diálogo, que soube combinar o realismo indispensável ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas com o idealismo próprio aos batalhadores pela paz”, disse Amorim à Folha

“Mais que nenhum outro indivíduo, encarnou o espírito do multilateralismo, hoje ameaçado por visões estreitas de interesse nacional. Kofi sempre respeitou a opinião do Brasil.”

O presidente Michel Temer divulgou nota na manhã deste sábado (18) lamentando a morte. “Annan deixa exemplo maior de dedicação às causas da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos. Nossas condolências à família”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter.

Já o Ministério de Relações Exteriores informou: "Annan foi um amigo do Brasil, que visitou em diversas ocasiões. E teve entre seus mais próximos colaboradores o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Sua reconhecida autoridade moral o levou a continuar a atuar em favor de um mundo mais pacífico e justo até os últimos dias."

O Itamaraty afirmou ainda que o ex-conselheiro foi um dos maiores defensores do multilateralismo e informou desejar que "suas ações e seus ideais de paz, justiça e tolerância continuem a servir de inspiração para as gerações vindouras".

No continente africano, além de Gana, o grupo The Elders e o governo da África do Sul se pronunciaram. O primeiro afirmou que o ex-secretário-geral da ONU teve "uma voz de grande autoridade e sabedoria, em público e no privado", e pelo segundo, o presidente Cyril Ramaphosa qualificou Annan como um "grande líder e diplomata extraordinário", que ajudou a causa da África no seio da ONU e "hasteou a bandeira da paz" em todo o mundo.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, divulgou um comunicado. "Eu sempre admirei sua sabedoria e coragem em momentos críticos. Sua lembrança estará sempre no coração dos russos."

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