Presidente é declarado vencedor de eleição no Zimbábue; oposição contesta

Emmerson Mnangagwa, 75, obteve 50,8% dos votos, segundo comissão eleitoral

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Pedestre atravessa rua diante de grupo de policiais, em Harare (Zimbábue) - Mujahid Safodien/Associated Press
Harare (Zimbábue) | Reuters e Associated Press

O presidente Emmerson Mnangagwa, 75, foi declarado nesta quinta-feira (2) o vencedor da eleição presidencial desta semana no Zimbábue.

Segundo os resultados oficiais anunciados pela comissão eleitoral, Mnangagwa, do Zanu-PF, obteve 50,8% dos votos, contra 44,3% do opositor Nelson Chamisa, 40, do MDC. 

O MDC, no entanto, rejeitou os resultados, acusando-os de “falsificados”. Morgen Komichi, presidente da sigla, disse que os partidários foram retirados da sede da comissão pela polícia antes de poderem verificar os dados. 

O saldo de mortos nos confrontos entre policiais, soldados e manifestantes da oposição na capital Harare chegou a seis, afirmou a polícia, depois que três feridos na quarta-feira (1º) morreram. 

A porta-voz da polícia, Charity Charamba, disse que a situação continua tensa na capital e que a presença do Exército nas ruas ainda é necessária. 

Tropas ordenaram o fechamento de lojas e instruíram as pessoas a deixarem o centro de Harare. Forças policiais invadiram a sede do MDC e prenderam 16 pessoas, sob a acusação de “posse de armas perigosas” e “violência pública”. 

Nesta quinta, tanto Chamisa quanto Mnangagwa se declararam vitoriosos na votação.

"Obviamente estamos muito satisfeitos que os resultados anunciados até agora mostram que alcançamos a maioria de dois terços do Parlamento", afirmou o secretário legal do Zanu-PF Paul Mangwana. "Esperamos que esses resultados se tornem um reflexo do que estamos esperando da eleição presidencial."

Tropas ordenaram o fechamento de lojas e instruíram as pessoas a deixarem o centro de Harare. Forças policiais invadiram a sede do oposicionista MDC e prenderam 16 pessoas.

A repressão do Exército abateu a euforia que se seguiu à deposição há oito meses de Robert Mugabe, que governou o país com mão pesada por muito tempo, atiçou as suspeitas de que os generais que deram o golpe continuam sendo os governantes de fato do Zimbábue.

Em Harare, o contraste não poderia ser maior em relação a novembro, quando centenas de milhares tomaram as ruas abraçando soldados e comemorando seu papel no afastamento de Mugabe, 94, o único líder que o país conheceu desde sua independência em 1980.

"Eles estão mostrando quem realmente são agora. Achávamos que eram nossos salvadores em novembro, mas eles nos enganaram", disse o vendedor de jornais Farai Dzengera, afirmando que o sonho breve de um fim às décadas de repressão acabou.

"Agora eles nos dizem para sair do centro da cidade. O que podemos fazer? Sairemos. Eles mandam neste país."

 

Quase todas as lojas do centro de Harare foram fechadas, e as calçadas normalmente movimentadas ficaram estranhamente silenciosas. Várias ruas continuavam cobertas de entulho e cinzas deixados pelos confrontos de quarta-feira entre manifestantes e soldados.

"Estamos só esperando para ver o que eles farão em seguida, já que não nos querem no centro. Quem pode discutir com um homem armado?", indagou Isaac Nyirenda, bebendo uma cerveja de sorgo em uma garrafa plástica.

A violência de quarta-feira, que ocorreu na esteira de uma eleição relativamente ordeira, acaba com as esperanças de Mnangagwa de reparar a imagem de uma nação que se tornou um símbolo de corrupção e colapso econômico sob Mugabe.

O uso de soldados para controlar a capital confirma os receios de que os generais que depuseram Mugabe estão firmes no comando, dizem analistas. 

Emmerson Mnangagwa, durante votação - Philimon Bulawayo-30.jul.18/Reuters
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