O presidente dos EUA, Donald Trump, disse neste domingo (19) que não tem "nada a esconder" do procurador especial Robert Mueller, que investiga interferência russa na eleição norte-americana de 2016.
A declaração de Trump ocorre após o jornal The New York Times ter informado no dia anterior que o principal advogado da Casa Branca, Donald McGahn, cooperou longamente com a equipe de Mueller, compartilhando detalhes dos principais episódios do inquérito que tenta estabelecer se o presidente Donald Trump obstruiu a justiça.
Citando uma dezena de atuais e ex-funcionários da Casa Branca e outras pessoas informadas sobre o assunto, o jornal informou que Donald McGahn, compartilhou uma série de informações, algumas das quais os investigadores não teriam conhecimento de outra forma. Ao todo, foram três depoimentos nos últimos nove meses, que juntos somam mais de 30 horas.
Trump negou que seu principal advogado tenha se voltado contra ele ao cooperar com a investigação. Em uma série de publicações no Twitter, ele afirmou que o jornal fez parecer que McGahn havia se voltado contra o presidente –como o conselheiro da Casa Branca John Dean fez na investigação Watergate sobre o ex-presidente Richard Nixon–, "quando na verdade é exatamente o oposto".
"Eu permiti que ele e todos os outros testemunhassem – eu não precisava", disse Trump. "O fracassado nytimes escreveu um artigo falso hoje alegando que, como o conselheiro da Casa Branca Don McGahn estava concedendo horas de depoimento ao Conselho Especial, ele devia ser um tipo de John Dean 'RAT'. Mas eu permiti que ele e todos os outros testemunhassem... Não tenho nada a esconder......"
Citando uma dúzia de atuais e ex-autoridades da Casa Branca e outras pessoas com informações sobre o assunto, o Times relatou que McGahn havia compartilhado informações e que algumas delas os investigadores não tinham conhecimento.
Na noite de sábado, o advogado de McGahn confirmou que o conselheiro da Casa Branca havia cooperado com a equipe de Mueller. "O Sr. McGahn respondeu às perguntas da equipe do procurador especial de forma generosa e honesta", disse William Burck. Ele acrescentou ainda que o presidente não pediu para McGahn se abster de discutir quaisquer assuntos.
De acordo com o New York Times, McGahn descreveu a fúria de Trump em relação à investigação envolvendo a Rússia e as formas que o presidente pediu que McGahn reagisse a ela.
Trump nega que sua campanha tenha conspirado com a Rússia e tem repetidamente atacado a investigação como ilegítima, como fez neste domingo. "O fracassado New York Times escreveu uma reportagem que fez parecer que o Conselho da Casa Branca se voltou contra o presidente, quando, na realidade, é o oposto, e os dois repórteres falsos sabiam disso. Por isso, os meios de notícias falsas se tornaram inimigos do povo. Que vergonha para os Estados Unidos!"
O presidente dos EUA vê a investigação liderada por Mueller como um obstáculo à sua Presidência e tem repetidamente pressionado para que ela termine. Ele chamou o caso de "caça às bruxas".
As informações fornecidas por McGahn incluíram as tentativas do presidente de demitir Mueller e as ações de Trump durante sua demissão do diretor do FBI James Comey. O jornal disse que não está claro se o presidente sabia da extensão da cooperação de McGahn, citando que é raro um advogado ser tão aberto com os investigadores.
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