Descrição de chapéu Governo Trump

Trump volta a ameaçar secretário de Justiça por inação para frear inquérito

Após demitir agentes de primeiro escalão do FBI, presidente volta carga a aliado e nega delitos

Washington

Donald Trump deu início nesta quinta (23) a mais um round de ataques a seu secretário de Justiça, Jeff Sessions, em meio às investigações sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições de 2016 e à condenação do ex-chefe de campanha do presidente por crimes financeiros.

Em entrevista ao programa Fox and Friends, da emissora Fox News, Trump afirmou que  escolheu “um secretário de Justiça que nunca teve controle sobre o Departamento de Justiça” e que isso “é meio que uma coisa incrível”.

 

Também criticou o fato de Sessions ter se negado a conduzir as investigações da relação entre Moscou e o pleito de dois anos atrás.

O secretário diz ter tomado a decisão para evitar conflito de interesse —ele participou da campanha do republicano e, apontou o inquérito, encontrou-se duas vezes com o embaixador russo Sergey Kislyak naquele período.

 

O ex-senador pelo estado do Alabama foi um dos primeiros parlamentares a endossar a candidatura de Trump.

“Ele não deveria ter se declarado impedido, ou deveria ter me dito!”, disse o presidente. “Que tipo de homem é esse?”

O republicano disse ainda que só deu o cargo a Sessions por lealdade. “Ele foi um apoiador de primeira hora [da sua candidatura]”, disse. “Participou da campanha e sabe que não houve conluio com os russos.” O secretário de Justiça rebateu as afirmações do republicano por meio de um comunicado.

“Enquanto eu for secretário, as ações do Departamento de Justiça não serão influenciados de forma inapropriada por considerações políticas”, afirmou. “Exijo padrões altos, e quando eles não são atingidos, eu tomo uma atitude.”

Sessions disse ainda que “nenhum país tem um grupo mais talentoso e dedicado de investigadores e procuradores do que os Estados Unidos.”

Após esgrimirem verbalmente, os dois se reuniram na Casa Branca para debater reformas no sistema prisional.

Agentes do FBI (polícia federal americana) envolvidos na investigação sobre a Rússia também foram alvo dos ataques de Trump e três deles já foram demitidos desde o início das apurações.

Entre eles está o ex-diretor James Comey, responsável pelo início das investigações. Também saíram Andrew McCabe, vice-diretor, e Peter Strzok, vice-diretor assistente.

Em julho do ano passado, Trump já havia manifestado arrependimento pela escolha de Sessions para o cargo, logo após o secretário ter solicitado o afastamento das investigações sobre a Rússia.

“Como você pega um emprego e depois se recusa (a trabalhar)? Se ele tivesse se declarado impedido antes, eu teria dito:” Obrigado, Jeff, mas não vou ficar com você”, disse o republicano na época.

Em depoimento ao Comitê de Inteligência do Senado em junho, Sessions negou conluio entre Moscou e Trump e chamou a alegação de “mentirosa e detestável”.

Na mesma entrevista à Fox News, Trump disse que a economia americana poderia colapsar se ele sofresse impeachment.  “Não sei como você pode submeter alguém que fez um grande trabalho a impeachment”, disse, insinuando que, sem ele no cargo, “todo mundo ficaria muito pobre”.

 

Trump recebeu dois golpes na terça (21) quando Michael Cohen, seu advogado durante uma década, afirmou que pagou pelo silêncio de duas mulheres a mando do republicano e seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort, foi condenado por crimes financeiros. Mas o presidente repetiu que não fez nada de errado.

Ele foi evasivo quando indagado na entrevista da Fox News se havia ordenado a Cohen que fizesse os pagamentos, afirmando apenas que seu ex-advogado “fez os tratos” e que suas ações “não eram um delito”.

“As violações da [regra de] campanha não são consideradas um grande problema, francamente”, queixou-se.

Na entrevista, Trump criticou seu outrora aliado e elogiou Manafort por deixar seu destino nas mãos de um júri, enquanto Cohen preferiu negociar com a Promotoria uma espécie de delação premiada.

Especialistas avaliam ser improvável que Trump seja submetido a processo de impeachment na atual legislatura, de maioria republicana, que vigora até dezembro. Por isso, as eleições de novembro para o Congresso serão cruciais.

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